APOSTILAS

domingo, 12 de novembro de 2017

Polícia Militar do Estado de São Paulo – PM-SP Soldado PM de 2ª Classe PARTE 05

APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 21
constitucional, composto pelo presidente da República, pelo
vice-presidente, pelos presidentes do Senado e da Câmara,
pelo ministro da Justiça e por um ministro representando as
Forças Armadas. O estado de sítio só poderia ser decretado
com a aprovação do Congresso.
1988
- Nome do país – República Federativa do Brasil.
- Carta promulgada (feita legalmente).
- Reforma eleitoral (voto para analfabetos e para
brasileiros de 16 e 17 anos).
- Terra com função social (base para uma futura reforma
agrária).
- Combate ao racismo (sua prática constitui crime
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão).
- Garantia aos índios da posse de suas terras (a serem
demarcadas).
- Novos direitos trabalhistas – redução da jornada semanal,
seguro desemprego, férias remuneradas acrescidas de 1/3 do
salário, os direitos trabalhistas aplicam-se aos trabalhadores
urbanos e rurais e se estendem aos trabalhadores domésticos.
Decretada e promulgada pela Assembléia Nacional
Constituinte de 1988, deu forma ao regime político vigente.
Manteve o governo presidencial, garantindo que fossem
eleitos pelo povo, por voto direto e secreto, o Presidente da
República, os Governadores dos Estados, os Prefeitos
Municipais e os representantes do poder legislativo, bem como
a independência e harmonia dos poderes constituídos.
Ampliou os direitos sociais e as atribuições do poder público,
alterou a divisão administrativa do país que passou a ter 26
estados federados e um distrito federal. Instituiu uma ordem
econômica tendo por base a função social da propriedade e a
liberdade de iniciativa, limitada pelo intervencionismo estatal.
DITADURA MILITAR NO BRASIL
Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o período
da política brasileira em que os militares governaram o Brasil.
Esta época vai de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de
democracia, supressão de direitos constitucionais, censura,
perseguição política e repressão aos que eram contra o regime
militar.
O golpe militar de 1964
A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio
Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que
assumiu a presidência num clima político adverso. O governo
de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura às
organizações sociais. Estudantes, organização populares e
trabalhadores ganharam espaço, causando a preocupação das
classes conservadoras como, por exemplo, os empresários,
banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média. Todos
temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista. Vale
lembrar, que neste período, o mundo vivia o auge da Guerra
Fria.
Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até
mesmo preocupação nos EUA, que junto com as classes
conservadoras brasileiras, temiam um golpe comunista.
Os partidos de oposição, como a União Democrática
Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD),
acusavam Jango de estar planejando um golpe de esquerda e
de ser o responsável pela carestia e pelo desabastecimento que
o Brasil enfrentava.
No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um
grande comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro), onde
defende as Reformas de Base. Neste plano, Jango prometia
mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e
educacional do país.
Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores
organizam uma manifestação contra as intenções de João
Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que
reuniu milhares de pessoas pelas ruas do centro da cidade de
São Paulo.
O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam
a cada dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais
e São Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango
deixa o país refugiando-se no Uruguai. Os militares tomam o
poder. Em 9 de abril, é decretado o Ato Institucional Número 1
(AI-1). Este, cassa mandatos políticos de opositores ao regime
militar e tira a estabilidade de funcionários públicos.
GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967)
Castello Branco, general militar, foi eleito pelo Congresso
Nacional presidente da República em 15 de abril de 1964. Em
seu pronunciamento, declarou defender a democracia, porém
ao começar seu governo, assume uma posição autoritária.
Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além de
dissolver os partidos políticos. Vários parlamentares federais
e estaduais tiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram
seus direitos políticos e constitucionais cancelados e os
sindicatos receberam intervenção do governo militar.
Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só
estavam autorizados o funcionamento de dois partidos:
Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança
Renovadora Nacional (ARENA). Enquanto o primeiro era de
oposição, de certa forma controlada, o segundo representava
os militares.
O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova
Constituição para o país. Aprovada neste mesmo ano, a
Constituição de 1967 confirma e institucionaliza o regime
militar e suas formas de atuação.
GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969)
Em 1967, assume a presidência o general Arthur da Costa
e Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congresso Nacional.
Seu governo é marcado por protestos e manifestações sociais.
A oposição ao regime militar cresce no país. A UNE (União
Nacional dos Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a
Passeata dos Cem Mil.
Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários
paralisam fábricas em protesto ao regime militar.
A guerrilha urbana começa a se organizar. Formada por
jovens idealistas de esquerda, assaltam bancos e sequestram
embaixadores para obterem fundos para o movimento de
oposição armada.
No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o Ato
Institucional Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do governo
militar, pois aposentou juízes, cassou mandatos, acabou com
as garantias do habeas-corpus e aumentou a repressão militar
e policial.
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Conhecimentos Gerais 22
GOVERNO DA JUNTA MILITAR (31/8/1969-
30/10/1969)
Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta militar
formada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército),
Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Sousa e Melo
(Aeronáutica).
Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN sequestram o
embaixador dos EUA Charles Elbrick. Os guerrilheiros exigem
a libertação de 15 presos políticos, exigência conseguida com
sucesso. Porém, em 18 de setembro, o governo decreta a Lei de
Segurança Nacional. Esta lei decretava o exílio e a pena de
morte em casos de "guerra psicológica adversa, ou
revolucionária, ou subversiva".
No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi
morto pelas forças de repressão em São Paulo.
GOVERNO MÉDICI (1969-1974)
Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o
general Emílio Garrastazu Médici. Seu governo é considerado
o mais duro e repressivo do período, conhecido como " anos
de chumbo ". A repressão à luta armada cresce e uma severa
política de censura é colocada em execução. Jornais, revistas,
livros, peças de teatro, filmes, músicas e outras formas de
expressão artística são censuradas. Muitos professores,
políticos, músicos, artistas e escritores são investigados,
presos, torturados ou exilados do país. O DOI-Codi
(Destacamento de Operações e Informações e ao Centro de
Operações de Defesa Interna ) atua como centro de
investigação e repressão do governo militar.
Ganha força no campo a guerrilha rural, principalmente no
Araguaia. A guerrilha do Araguaia é fortemente reprimida
pelas forças militares.
O Milagre Econômico
Na área econômica o país crescia rapidamente. Este
período que vai de 1969 a 1973 ficou conhecido com a época
do Milagre Econômico. O PIB brasileiro crescia a uma taxa de
quase 12% ao ano, enquanto a inflação beirava os 18%. Com
investimentos internos e empréstimos do exterior, o país
avançou e estruturou uma base de infra-estrutura. Todos estes
investimentos geraram milhões de empregos pelo país.
Algumas obras, consideradas faraônicas, foram executadas,
como a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio-Niteroi.
Porém, todo esse crescimento teve um custo altíssimo e a
conta deveria ser paga no futuro. Os empréstimos estrangeiros
geraram uma dívida externa elevada para os padrões
econômicos do Brasil.
GOVERNO GEISEL (1974-1979)
Em 1974 assume a presidência o general Ernesto Geisel
que começa um lento processo de transição rumo à
democracia. Seu governo coincide com o fim do milagre
econômico e com a insatisfação popular em altas taxas. A crise
do petróleo e a recessão mundial interferem na economia
brasileira, no momento em que os créditos e empréstimos
internacionais diminuem.
Geisel anuncia a abertura política lenta, gradual e segura.
A oposição política começa a ganhar espaço. Nas eleições de
1974, o MDB conquista 59% dos votos para o Senado, 48% da
Câmara dos Deputados e ganha a prefeitura da maioria das
grandes cidades.
Os militares de linha dura, não contentes com os caminhos
do governo Geisel, começam a promover ataques clandestinos
aos membros da esquerda. Em 1975, o jornalista Vladimir
Herzog á assassinado nas dependências do DOI-Codi em São
Paulo. Em janeiro de 1976, o operário Manuel Fiel Filho
aparece morto em situação semelhante.
Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeascorpus
e abre caminho para a volta da democracia no Brasil.
GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985)
A vitória do MDB nas eleições em 1978 começa a acelerar
o processo de redemocratização. O general João Baptista
Figueiredo decreta a Lei da Anistia, concedendo o direito de
retorno ao Brasil para os políticos, artistas e demais brasileiros
exilados e condenados por crimes políticos. Os militares de
linha dura continuam com a repressão clandestina. Cartasbomba
são colocadas em órgãos da imprensa e da OAB (Ordem
dos advogados do Brasil). No dia 30 de Abril de 1981, uma
bomba explode durante um show no centro de convenções do
Rio Centro. O atentado fora provavelmente promovido por
militares de linha dura, embora até hoje nada tenha sido
provado.
Em 1979, o governo aprova lei que restabelece o
pluripartidarismo no país. Os partidos voltam a funcionar
dentro da normalidade. A ARENA muda o nome e passa a ser
PDS, enquanto o MDB passa a ser PMDB. Outros partidos são
criados, como: Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido
Democrático Trabalhista (PDT).
A Redemocratização e a Campanha pelas Diretas Já
Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta
vários problemas. A inflação é alta e a recessão também.
Enquanto isso a oposição ganha terreno com o surgimento de
novos partidos e com o fortalecimento dos sindicatos.
Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de
futebol e milhões de brasileiros participam do movimento das
Diretas Já. O movimento era favorável à aprovação da Emenda
Dante de Oliveira que garantiria eleições diretas para
presidente naquele ano. Para a decepção do povo, a emenda
não foi aprovada pela Câmara dos Deputados.
No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria
o deputado Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf,
como novo presidente da República. Ele fazia parte da Aliança
Democrática – o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela
Frente Liberal.
Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica
doente antes de assumir e acaba falecendo. Assume o vicepresidente
José Sarney. Em 1988 é aprovada uma nova
constituição para o Brasil. A Constituição de 1988 apagou os
rastros da ditadura militar e estabeleceu princípios
democráticos no país.
Questões
01. (SEE-AC - Professor de Ensino Fundamental –
FUNCAB) A história do Brasil é recheada de exemplos de
apropriação e transformação da natureza pelo homem. A
construção da Rodovia Transamazônica teve, por pretexto, a
tentativa de integração nacional e a criação de um espaço para
o desenvolvimento do nordeste. A construção dessa rodovia
iniciou-se no período de governo conhecido por:
(A) República da Espada
(B) Estado Novo
(C) Segundo Reinado
(D) Ditadura Militar
(E) República Oligárquica
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Conhecimentos Gerais 23
02. (SEPLAG-DF - Professor – História – CESPE) A
eleição direta de Tancredo Neves para a presidência da
República assinalou o fim do regime militar.
(A) Certo
(B) Errado
03. (SEDUC-PI Professor - História - NUCEPE)
“Bossa nova mesmo é ser presidente
Desta terra descoberta por Cabral
Para tanto basta ser tão simplesmente
Simpático, risonho, original".
(Juca Chaves. Presidente Bossa Nova. RGE, 1957).
Considerando o período apresentado na composição, e o
governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), podemos
afirmar CORRETAMENTE:
(A) Com seu Plano de Metas, o governo de Juscelino
propunha romper com a política econômica do governo
Vargas, investindo com capitais nacionais nas áreas
prioritárias para o governo, como energia, transporte,
indústria e distribuição de renda.
(B) Como efeito da euforia e do crescimento econômico, o
governo de Juscelino conseguiu reduzir drasticamente as
disparidades econômicas e sociais do país, permitindo uma
tranquilidade social que perdurou até vésperas do Golpe Civil-
Militar.
(C) Apoiado em capitais externos, Juscelino pôde ampliar a
base monetária do país e assim custear investimentos
produtivos que permitiram o controle do déficit do orçamento
público e a redução da inflação.
(D) Seu governo coincidiu com um período de forte
otimismo, apoiado em uma visão de modernidade
industrializante, o que fez o presidente prometer 50 anos de
desenvolvimento em 5 anos de mandato.
(E) Apesar de sua política populista, Juscelino agia de
forma autoritária em sua forma de governar, condição que
pode ser exemplificada com o episódio em que puniu o
ministro da Guerra, o general Teixeira Lott, por ter contrariado
um de seus aliados políticos, o coronel Jurandir Mamede,
subordinado do general.
04. O estudo comparativo das Constituições Brasileiras de
1824 (Carta Outorgada, Imperial) e de 1891 (Carta
promulgada, Republicana) não permite afirmar:
(A) A Carta de 1891 estabeleceu a Federação como forma
de Estado.
(B) A Carta Republicana teve inspiração europeia, ao passo
que a lei maior imperial buscou seguir o modelo norteamericano.
(C) A Carta de 1824 criou o Unitarismo como forma de
Estado, mesmo porque as Províncias eram destituídas de
preparo político.
(D) A Carta Imperial criou 4 (quatro) poderes, mas o
documento republicano estabeleceu somente 3 (três).
(E) Enquanto o estatuto Imperial recebeu uma emenda, o
Ato Adicional, um progresso rumo à federação, a Carta
republicana foi emendada em 1926, com fortalecimento do
Poder Central.
05. A Constituição Brasileira de 1988 introduziu
alterações significativas no plano jurídico-político nacional.
Dentre elas pode-se citar:
(A) instituição do habeas data, que torna passível de fiança
crimes como racismo, tráfico de drogas e terrorismo.
(B) extensão do direito de elegibilidade às mulheres e voto
facultativo aos jovens entre 16 e 18 anos.
(C) proibição da greve aos setores considerados
essenciais: saúde, transportes, polícia e funcionalismo público.
(D) extensão do voto a analfabetos, proteção ao meio
ambiente e reconhecimento da cidadania dos índios.
(E) restrição dos direitos trabalhistas apenas ao setor
produtivo urbano e eleições em dois turnos para presidente,
governador e prefeitos.
Respostas
01. D/ 02. B/ 03. D /04. B /05. D
Globalização
A globalização é uma realidade. Nessa fase, temos
possibilidades de nos comunicar ou até mesmo de chegar aos
mais diferentes lugares do mundo, mais facilmente do que há
algumas décadas.
No entanto, essas possibilidades não são acessíveis as
todos. Para algumas pessoas, constata-se um abismo entre o
lugar onde vivem e o modo de vida que possuem e os avanços
tecnológicos e informacionais que caracterizam a globalização
atual.
Capitalismo e Globalização
O termo “globalização” (tradução do inglês globalization)
disseminou-se ao longo da década de 1980 nos meios
acadêmicos e empresariais, e em seguida chegou à mídia,
tornando-se uma palavra corriqueira. Mas, como tema de
análise e reflexão entre economistas, sociólogos,
historiadores, geógrafos e outros estudiosos de várias áreas do
conhecimento, o fenômeno da globalização é um conceito
complexo e ambíguo, objeto até mesmo de divergências entre
especialistas.
De qualquer forma, há certo consenso de que o processo de
globalização constitui o ápice da expansão e da hegemonia do
capitalismo em escala planetária, tal como se apresenta desde
o final do século XX e início do século XXI.
[...] As forças decisivas, pelas quais se dá a globalização do
mundo, instituindo uma configuração histórico-social nova,
surpreendente e determinante, são as forças deflagradas com a
globalização do capitalismo, processo esse que adquiriu ímpetos
excepcionais e avassaladores desde a Segunda Guerra Mundial e
mais ainda com a Guerra Fria, entrando em franca expansão
após o término desta.
[...]
IANNI, Otávio. A era do globalismo. In: OLIVEIRA, Flávia
Arlanch Martins de. Globalização, regionalização e
nacionalismo. São Paulo: Ed. Unesp, 1999, p. 16.
Nesse sentido, o processo de globalização só começa a
tomar vulto a partir da segunda metade do século XX, quando
a expansão do capitalismo, alternando fases de avanços e
recuos intrínsecos ao seu desenvolvimento, ingressou em uma
nova fase marcada por progressos técnicos e científicos, que
levaram a uma verdadeira revolução tecnológica. Conhecida
como Terceira Revolução Industrial, esse desenvolvimento
científico e tecnológico, liderado e impulsionado pelos países
mais ricos e desenvolvidos (Estados Unidos, Canadá,
Alemanha, Inglaterra, França, Japão), atingiu as mais variadas
áreas do conhecimento, especialmente as chamadas
tecnologias da informação (informática, telecomunicações,
telemática).
3. GEOGRAFIA GERAL
3.1. A nova ordem mundial, o
espaço geopolítico e a
globalização. 3.2. Os principais
problemas ambientais
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Conhecimentos Gerais 24
Aliada à expansão dos fluxos comerciais proporcionada
pelo desenvolvimento de meios de transportes cada vez mais
eficientes (navios de grande calado, aviões cargueiros de
grande porte), essa situação criou as condições necessárias
para o avanço da globalização. Esse processo pode ser
caracterizado, portanto, pela integração cada vez mais efetiva
do espaço mundial proporcionado pela crescente circulação de
mercadorias, informações e pessoas entre as diferentes
regiões do planeta.
Essa globalização, que se estende em múltiplas dimensões,
como a socioeconômica, a política e a cultural, já havia sido
anunciada, na década de 1960, pelo canadense Marshall
McLuhan (1911-1980), um dos mais respeitados estudiosos
dos meios de comunicação de massa do século passado,
defensor da ideia de que, sob a “era da informação”, o mundo
se transformaria em uma “aldeia global”.
Embora muito difundida, a expressão “aldeia global”
passou a ser criticada por outros teóricos da globalização, para
os quais o mundo estaria longe de se tornar uma “aldeia
global” de fato. Isso porque esse conceito exprime a ideia de
que todos se conhecem e participam da vida e das decisões de
maneira comunitária, o que, de fato, não condiz com a
sociedade contemporânea.
O termo “global”, por sua vez, não leva em consideração
que uma imensa parcela da população mundial, sobretudo
aquela que vive nas regiões mais pobres do globo, se encontra
totalmente excluída dos benefícios tecnológicos trazidos pela
globalização.
A Globalização Econômica
A expansão e a hegemonia do capitalismo em escala
planetária, processos que ocorreram apoiados nos avanços
dos meios de transportes e de comunicações, além de
viabilizados pela nova fase de progressos técnicos e científicos
gerados com a Revolução Técnico-científica (segunda metade
do século XX), criaram as condições indispensáveis para a
consolidação de uma economia (capitalista) globalizada,
caracterizada pela integração econômica cada vez mais efetiva
do espaço geográfico mundial.
Essa expansão do capitalismo em escala planetária se deu
acompanhada pelo intenso crescimento do comércio
internacional, fato que intensificou as relações econômicas
entre os países do mundo e produziu, ao mesmo tempo,
grandes mudanças na organização do sistema produtivo em
escala mundial.
A origem dessas mudanças reside basicamente na
dispersão da atividade industrial pelo mundo, fenômeno
provocado pelo processo de expansão das grandes
corporações multinacionais, que passaram a desenvolver suas
atividades em países espalhados em todo o planeta.
Favorecidas pela revolução tecnológica em andamento e
também pelos avanços dos transportes ocorridos a partir da
segunda metade do século passado, essas grandes empresas
multinacionais, que até então atuavam quase que
exclusivamente nos países mais ricos e industrializados do
hemisfério Norte, expandiram suas atividades e instalaram
filiais em países com economia menos desenvolvida, com a
finalidade de conquistar novos mercados.
Assim, a área geográfica de atuação dessas empresas se
expandiu em direção às economias periféricas e menos
desenvolvidas, mas que apresentavam mercados
economicamente promissores, caso de países como Brasil,
México e Argentina (na América Latina), África do Sul (no
continente africano), Índia, Coreia do Sul, Singapura, Taiwan e
Malásia (no continente asiático).
Além da decisão estratégica visando o domínio desses
novos mercados, o direcionamento dos investimentos para os
países subdesenvolvidos também foi motivado por inúmeras
outras vantagens oferecidas por esses países, como o baixo
custo de mão de obra; a disponibilidade de recursos naturais
(matérias-primas) a baixos custos; a existência de legislações
trabalhistas e ambientais menos rígidas; a presença de
grandes mercados consumidores em expansão; a liberdade
para remeter os lucros às matrizes no país de origem; e até
mesmo a concessão de incentivos fiscais (redução ou isenção
de impostos, etc.).
Convém destacar também que a partir da década de 1970,
o processo de expansão das empresas multinacionais em
direção aos países periféricos entrou em uma fase marcada
pela diversificação dos investimentos nos mais diversos ramos
de atividades. Os investimentos que até então se restringiam
ao setor industrial, incluindo a indústria extrativa mineral,
passaram a ser direcionados a outros setores da economia,
como o de serviços (bancos, corretoras, financeiras,
seguradoras), de comércio atacadista e varejista (redes de
lanchonetes, hipermercados, lojas de departamentos), de
infraestrutura (geração de energia, construção) e também ao
setor agropecuário.
A expansão das multinacionais pelo mundo produziu
mudanças significativas nas relações econômicas e comerciais
entre os países, provocando o estabelecimento de uma nova
Divisão Internacional do Trabalho (DIT). Isso ocorreu porque
muitas economias periféricas, até então voltadas quase que
exclusivamente para a produção e exportação de gêneros
primários (matérias-primas agrícolas e minerais), também se
industrializaram, torando-se exportadoras de bens
manufaturados. É importante lembrar, entretanto, que a
grande maioria dos países menos desenvolvidos da América
Latina, da África e da Ásia ainda possui economia
essencialmente agrária, continuando, portanto, como
produtores de gêneros primários.
Assim, mesmo que as empresas multinacionais tenham
contribuído para o crescimento econômico e industrial dos
países onde passaram a desenvolver suas atividades,
sobretudo com o aumento e a diversificação da produção e
com a abertura de novos postos de trabalho, a dependência
econômica e tecnológica desses países vem se acentuando
cada vez mais em relação às nações mais ricas e
industrializadas.
A expansão das grandes corporações multinacionais pelo
mundo ampliou enormemente a hegemonia dos países
desenvolvidos (mais ricos e mais industrializados) sobre a
economia e o comércio mundial. Em 2013, esses países
geraram cerca de 67% do Produto Interno Bruto (PIB)
mundial, respondiam por cerca de dois terços de toda a
produção industrial do planeta e aproximadamente 70% de
todo o comércio mundial.
O poderio econômico das grandes multinacionais na
economia globalizada também é espantoso: as dez maiores
multinacionais do mundo empregavam sete milhões de
pessoas e faturavam cerca de três trilhões de dólares ao ano,
valor superior ao PIB de muitos países do mundo.
A fragmentação do processo produtivo
O processo de expansão das multinacionais pelo mundo
também trouxe mudanças significativas na organização do
sistema produtivo das grandes empresas em escala mundial.
Isso porque, além de expandir suas atividades no mundo, as
multinacionais se aproveitaram dos avanços tecnológicos para
também dividir, ou fragmentar, as diferentes etapas de
fabricação e montagem de seus produtos entre suas
subsidiárias espalhadas pelo mundo. Também passaram a
transferir, ou seja, a terceirizar, parcelas inteiras do processo
de produção para empresas instaladas e, diferentes países.
[...] As novas tecnologias de transporte e informação
permitiram fragmentar ainda mais o processo de produção
criando uma divisão do trabalho pautada sobretudo nos
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Conhecimentos Gerais 25
diferentes níveis tecnológicos envolvidos em cada estágio de
produção. Assim, determinadas peças que exigem mais mão de
obra ou matéria-prima ainda podem ser fabricadas [...] em
países periféricos, enquanto a produção de componentes que
incorporam alto grau de tecnologia fica restrita a alguns
núcleos seletos (tecnopolos ou “vales” e “montanhas” do
silício) nos centros do capitalismo mundial.
[...] HAESBERT, Rogério (Org.). Globalização e
fragmentação no mundo contemporâneo. Niterói: Ed. Uff, 2001,
p.25.
Foi com a estratégia de diminuir os custos operacionais de
produção e ampliar sua lucratividade em uma economia
globalizada extremamente competitiva que as grandes
empresas multinacionais direcionaram parcelas específicas de
suas atividades produtivas para os lugares do mundo em que
as condições fossem mais vantajosas, a mão de obra fosse mais
barata, por exemplo. Ao contrário, aliás, do que ocorria
décadas atrás, quando as empresas multinacionais tinham a
incumbência de executar todas, ou quase todas, as etapas de
produção de uma determinada mercadoria em uma mesma
unidade fabril instalada em determinado lugar.
Hoje, por exemplo, aviões, automóveis, computadores,
aparelhos eletrônicos, entre outros produtos de maior
complexidade, podem ter parte de seus inúmeros
componentes fabricados em países diferentes, sendo depois
encaminhados para uma unidade de montagem final instalada
em outro país, de onde será exportado para os mais diferentes
mercados mundiais.
Embora a fragmentação do processo produtivo possa ser
tipicamente observada na produção d bens industrializados,
esse fenômeno também ocorre nos demais setores de
atividades como o de serviços. No caso do telemarketing, por
exemplo, grandes empresas sediadas nos Estados Unidos, no
Canadá, na Inglaterra, e em outros países desenvolvidos,
utilizam as centrais de atendimento ao cliente, conhecidas
como call centers, instaladas na Índia, formando naquele país
o maior polo de call center do mundo.
Ao expandir suas atividades pelo mundo em busca de
novos mercados para seus produtos e serviços, as grandes
multinacionais acabaram acirrando a concorrência entre si.
Para enfrentar essa concorrência e se tornar ainda mais
competitivas no mercado, essas grandes corporações
adotaram uma série de estratégias, tais como: aplicação
intensiva de tecnologias no processo produtivo
(informatização, automação e robotização) como forma de
ampliar a produtividade e diminuir os custos com mão de
obra; otimização dos processos de produção e implantação de
novos métodos de trabalho voltados para a economia de
matérias-primas, a eliminação do desperdício e a redução dos
estoques, concomitantemente à melhoria da qualidade dos
produtos e serviços; investimentos agressivos em propaganda
e marketing como forma de projetar e valorizar a marca (e seus
lançamentos) nos mercados mundiais.
Além disso, essas grandes corporações também
enfrentaram a concorrência se valendo da formação de
monopólios e oligopólios em suas mais diversas variações. O
monopólio ocorre quando uma empresa domina a oferta (o
mercado) de determinado produto ou serviço. O oligopólio,
considerado uma forma mais avançada de monopólio, ocorre
quando um grupo de empresas domina o mercado de
determinado produto ou serviço.
A Globalização Financeira
É por meio dessa intrincada e complexa rede de
comunicações mundial que também circulam os fluxos de
capitais, aqueles que envolvem as transações econômicas
realizadas de maneira contínua e ininterrupta no circuito
financeiro internacional (compra e venda de ações de
empresas, títulos e moedas mais valorizadas no mercado).
Por intermédio dos investidores nesse mercado financeiro
global, são necessários apenas alguns minutos para que
grandes negócios, envolvendo cifras que chegam a centenas de
milhões de dólares, sejam fechados em um país e abertos em
outros. A cada 24 horas, essas operações financeiras
movimentam mais de dois trilhões de dólares ao redor do
planeta. Grande parte desses fluxos de capitais ocorre por
meio de operações financeiras negociadas nas principais
bolsas de valores do mundo, sobretudo nas que se localizam
nas metrópoles de países desenvolvidos, como as de Nova
York (Estados Unidos), Frankfurt (Alemanha), Londres
(Inglaterra), Milão (Itália) e Tóquio (Japão), embora também
existam outras importantes bolsas de valores no mundo
subdesenvolvido, especialmente nas economias emergentes,
como as de São Paulo (Brasil), Xangai (China), Seul (Coreia do
Sul) e Jacarta (Indonésia).
Os fluxos financeiros que circulam pela economia mundial
são formados tanto pela movimentação de capitais produtivos
quanto especulativos. Os fluxos de capitais produtivos são
investimentos que se instalam no território de determinado
país visando lucros com a produção e prestação de serviços.
Ou seja, são investimentos aplicados diretamente em
atividades produtivas, como na instalação de indústrias,
supermercados, lojas, empresas prestadoras de serviços, etc.
Ao se instalar em determinado país, os capitais produtivos
tendem a manter certa relação ou envolvimento com esse
território, pelo fato de que a chegada de um novo
empreendimento pode interferir de foram direta no mercado
de trabalho (geração de novos empregos), na arrecadação
tributária (pagamento de impostos), etc.
Os fluxos de capitais especulativos, por sua vez, são
investimentos que buscam apenas a obtenção de vantagens
imediatas (de curto prazo) em razão de certas oportunidades
oferecidas elo mercado. Um exemplo típico disso é aquele
dinheiro do exterior que entra na bolsa de valores num dia e
sai logo em seguida, assim que as ações se valorizem dando
altos lucros ao investidor. Na busca por lucros exorbitantes, o
capital especulativo se torna extremamente volátil, podendo
ser transferido para vários países de uma hora para outra. Por
conta da grande rapidez com que o capital especulativo circula
pelo mundo, ele também passou a ser conhecido por outras
denominações sugestivas: smart money (dinheiro esperto), hot
money (dinheiro quente).
Referências Bibliográficas:
MARTINEZ, Rogério. Novo olhar: Geografia, 3. Rogério Martinez; Wanessa
Pires Garcia Vidal. 1ª edição. São Paulo: FTD.
Questões
01. (PC/PI – Escrivão de Polícia Civil – UESPI) No início
dos anos 1990, o mundo assistiu à derrocada do chamado
Bloco Socialista, comandado pela ex-União Soviética, tendo
como consequência o fim da Guerra Fria e o surgimento de
uma Nova Ordem Mundial, que apresenta como
características, EXCETO,
(A) o controle do mercado mundial por grandes
corporações transnacionais.
(B) aprofundamento da Globalização da economia e
consolidação da tendência à formação de blocos econômicos
regionais.
(C) processos pacíficos de Fragmentação territorial sem
ocorrência de conflitos étnicos, a exemplo da ex-Iugoslávia.
(D) ampliação das desigualdades internacionais.
(E) a existência de uma realidade mais complexa, com
múltiplas oposições ou tensões econômicas, étnicas, religiosas,
ambientais etc.
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 26
02. (Prefeitura de Martinópole/CE – Agente
Administrativo – CONSULPAM/2015) A nova economia
internacional possui elementos característicos onde os que se
destacam são os que se referem ao quadro geral determinado
pela Globalização. Com isso podemos AFIRMAR que o atual
cenário mundial é assinalado pela:
(A) bipolaridade
(B) unimultipolaridade
(C) velha ordem mundial
(D) Nova Guerra Fria
03. (SEDU/ES – Professor de Geografia – CESPE) Com
relação à geografia política mundial, julgue o item a seguir.
A nova ordem mundial apresenta uma faceta geopolítica e
outra econômica. Na geopolítica, houve uma mudança para um
mundo multipolar, onde as potências impõem mais por seu
poder econômico que pelo poder bélico. Na economia, o que
aconteceu foi o processo de globalização e a formação de
blocos econômicos supranacionais.
(....) Certo (....) Errado
04. (IF/SE – Analista – IF/SE) "Com a derrocada do
socialismo real e da União Soviética, entre 1989 e 1991, surgiu
uma nova ordem mundial que, a princípio, parecia ser
unipolar, com uma única superpotência, os Estados Unidos.
Mas essa ideia parece ser aplicável somente a um breve
período transitório, pois o poderio estadunidense vem se
enfraquecendo, em termos relativos (isto é, em comparação
com o crescimento da China, da Europa unificada, da Índia
etc...)." Vesentini, Wiliam - 2009. Assinale a afirmativa correta
sobre os fatos da nova ordem mundial:
(A) O ponto fraco da União Europeia é o rápido
envelhecimento e o baixo poder aquisitivo de sua população.
(B) Apesar da crise na transição do socialismo real para a
economia, a herdeira da Ex União Soviética, Rússia, voltou a ser
uma superpotência, apesar da fragilidade do setor de
tecnologia de ponta.
(C) Uma das dificuldades para o Japão na formação de um
Megabloco na Ásia é a desconfiança de algumas importantes
nações, como China e Coréia do Sul, que o consideram um país
imperialista, sobretudo pela brutalidade e pelo racismo
demonstrado pelas tropas japonesas quando da ocupação de
seus territórios.
(D) A China atualmente é o Estado nacional que poderia
ameaçar a hegemonia estadunidense, em função do
crescimento econômico e do regime político democrático.
(E) A Índia é outro país que vem se modernizando, e é
favorecida pela abundância de recursos minerais e ausência de
problemas étnicos, sociais e político territoriais.
05. (IF/SP – Professor de Geografia – FUNDEP) O
processo de mundialização da economia capitalista inaugurou
uma nova divisão internacional do trabalho porque
(A) a diversidade das plantas industriais, até então
vigentes nas mais diferentes economias do planeta, sofreram
homogeneização, excluindo a complementaridade.
(B) a divisão do mundo em países produtores de bens
industrializados e países unicamente produtores de matériasprimas,
quer agrícolas, quer minerais, já não bastava.
(C) a expansão industrial sobrepôs uma divisão horizontal
à antiga divisão vertical do trabalho, mediante eliminação de
níveis de qualificação dentro de cada ramo industrial
(D) a indústria multinacional restringiu sua atuação aos
mercados de países centrais e criou bases produtivas
adaptadas às necessidades de seus mercados nacionais.
06. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE/2016) A
mundialização não diz respeito apenas às atividades dos
grupos empresariais e aos fluxos comerciais que elas
provocam. Inclui também a globalização financeira, que não
pode ser abstraída da lista das forças às quais deve ser imposta
a adaptação dos mais fracos e desguarnecidos.
François Chesnais. A mundialização do capital. São Paulo:
Xamã, 1996 (com adaptações).
Tendo como referência inicial o fragmento de texto
apresentado, julgue (C ou E) o item subsequente.
Mundialização do capital ou globalização refletem a
capacidade estratégica de grandes grupos oligopolistas,
voltados para a produção industrial ou para as principais
atividades de serviços, em adotar, por conta própria, enfoque
e conduta globais.
(....) Certo (....) Errado
07. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE/2016) A
mundialização não diz respeito apenas às atividades dos
grupos empresariais e aos fluxos comerciais que elas
provocam. Inclui também a globalização financeira, que não
pode ser abstraída da lista das forças às quais deve ser imposta
a adaptação dos mais fracos e desguarnecidos.
François Chesnais. A mundialização do capital. São Paulo:
Xamã, 1996 (com adaptações).
Tendo como referência inicial o fragmento de texto
apresentado, julgue (C ou E) o item subsequente.
O princípio geográfico da localização, no mundo
globalizado economicamente competitivo, é superado pelos
sistemas técnicos e de informação.
(....) Certo (....) Errado
08. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE/2016) A
mundialização não diz respeito apenas às atividades dos
grupos empresariais e aos fluxos comerciais que elas
provocam. Inclui também a globalização financeira, que não
pode ser abstraída da lista das forças às quais deve ser imposta
a adaptação dos mais fracos e desguarnecidos.
François Chesnais. A mundialização do capital. São Paulo:
Xamã, 1996 (com adaptações).
Tendo como referência inicial o fragmento de texto
apresentado, julgue (C ou E) o item subsequente.
No mundo globalizado, observa-se uma tendência de
compartimentação generalizada dos territórios, onde se
associam e se chocam o movimento geral da sociedade do
trabalho e o movimento particular de cada fração espacial: do
nacional ao regional e ao local.
(....) Certo (....) Errado
Respostas
01.C/02.B/03.Certo/04.C/05.B/06.Certo/07.Errado/
08. Certo
As questões ambientais do planeta
Os Problemas Ambientais: A Degradação Ambiental e
seus Impactos
O modelo de desenvolvimento econômico calcado no
avanço do industrialismo, no consumismo desenfreado e na
exploração cada vez mais intensa dos recursos naturais do
planeta tem levado tanto ao agravamento quanto ao
surgimento de novos problemas ambientais, como os
destacados nas manchetes apresentadas acima.
Diante dos problemas ambientais existentes no passado,
os sintomas da crise ambiental contemporânea adquiriram
proporções jamais alcançadas, atingindo, inclusive, as áreas
mais remotas e inóspitas do planeta, como as regiões polares,
que já sofrem os efeitos das alterações climáticas
desencadeadas pela intensa poluição atmosférica.
O exemplo do derretimento das geleiras polares no Ártico,
decorrente do aquecimento atmosférico global, nos revela
também outra face da problemática ambiental
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 27
contemporânea, em que os problemas ambientais deixaram de
se restringir no âmbito local ou regional para se tornarem
questões de ordem planetária. Os gases tóxicos lançados na
atmosfera pelo escapamento dos veículos automotores e pelas
chaminés das fábricas agravam os índices de poluição do ar
nos grandes centros urbanos e, ao mesmo tempo, contribuem
para a ocorrência do efeito estufa artificial, fenômeno que vem
interferindo nas condições climáticas globais com impactos
observados em várias partes do mundo.
É por isso que muitos dos problemas ambientais da nossa
época (aquecimento global, extinção de espécies, perda de
biodiversidade, desertificação dos solos, chuva ácida,
diminuição da camada de ozônio, etc.) deixaram de ser uma
preocupação restrita a um ou outro país, pois as
consequências geradas por muitos desses problemas não
respeitam as fronteiras nacionais. Temos, por exemplo, o caso
das florestas canadenses afetadas pela ocorrência de chuvas
ácidas, que se formam a partir dos poluentes atmosféricos
lançados no território dos Estados Unidos. O mesmo se pode
dizer da contaminação ou exploração das águas dos rios que
passam pelos territórios de vários países, ou, ainda, dos
nocivos efeitos dos acidentes nucleares, como o ocorrido em
1986, na usina de Chernobil (na extinta União Soviética, hoje
localizada no território da Ucrânia), cuja nuvem radioativa se
dispersou pelas correntes de ventos por milhares de
quilômetros, afetando vários países da Europa Central.
A humanidade está diante de uma terrível crise ambiental.
Os problema de hoje são resultantes de centenas de anos de
descaso com a preservação ambiental. Desde a primeira fase
da Revolução Industrial, os seres humano apropriaram-se dos
recursos naturais em larga escala de maneira desordenada.
Mudanças climáticas, efeito estufa, derretimento das
geleiras, extinção de espécies vegetais e animais e
desertificação são alguns dos problemas ambientais que
podem estar relacionados ao modelo de sociedade atual,
marcado principalmente pelo consumo desenfreado.
É assim que fica cada vez mais intensa a sensação de que a
humanidade tem um destino comum e que depende de cada
um de nós adotar medidas para que as gerações futuras
tenham melhor qualidade de vida.
As origens dos problemas ambientais
Desde a Antiguidade, o ambiente é um tema discutido pelas
sociedades. Na Grécia antiga, por exemplo, os filósofos já
debatiam sobre qual era a essência de tudo o que existe no
mundo, especialmente da água, da terra, do fogo e do ar. As
poucas, mas significativas, descobertas feitas por eles levaramnos
a acreditar que a Terra era perfeitamente harmônica,
concebida por algo divino e de extrema inteligência.
Aristóteles (c. 485 a.C-420 a.C.), um dos maiores
pensadores gregos, defendia que todas as coisas na Terra,
vivas e não vivas (como as rochas), tinham uma profunda
ligação entre si e até mesmo uma essência comum, sendo úteis
para a sobrevivência. Pouco a pouco se desenvolveu a ideia de
que a Terra é um gigantesco ser vivo.
Na Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX), o ambiente
passou a ser tratado isoladamente, como se fosse um conjunto
de elementos que não tinham nenhuma relação com a
sociedade e existiam apenas para atender às suas
necessidades,
Dentro desse contexto histórico - com suas características
sociais, econômicas e políticas -, os interesses econômicos
privados tomaram-se explícitos e prevaleceram sobre
qualquer alerta de problemas ambientais que poderiam surgir
em longo prazo.
Em 1962, por exemplo, a cientista estadunidense Rachel
Carson (1907-1964) denunciou em seu livro Primavera
silenciosa o uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras,
afirmando que eles eram prejudiciais à natureza e à saúde
humana.
Imediatamente ela foi perseguida e difamada pelas
indústrias químicas. Em 1963, uma equipe científica do
próprio governo dos Estados Unidos afirmou que a
pesquisadora tinha razão, levando uma parcela da opinião
pública mundial a entender que os problemas com o equilíbrio
da vida no planeta poderiam ser graves.
O processo de desenvolvimento do capitalismo foi
acompanhado por profundos avanços científicos, muitas vezes
patrocinados por investimentos particulares. Mas qual é a
relação disso com o ambiente? As descobertas aceleraram a
busca por recursos naturais, e, naquele período, não havia
espaço para que os alertas da devastação ambiental fossem
ouvidos. De meados do século XIX até os nossos dias, ocorreu
um verdadeiro saque aos recursos naturais e uma destruição
de muitos elementos da natureza.
O atual modo de vida e seus impactos
Certamente, nesses tempos de preocupações ambientais, o
modo de vida indígena chama a atenção. A forma como se
relacionam com os recursos naturais e os manejam é mais
branda que a nossa. Suas vidas estão organizadas para que as
alterações feitas no seu espaço geográfico não causem grandes
impactos.
Mas é muito importante que se faça uma ressalva: os meios
de comunicação e até mesmo as observações simplistas podem
nos levar a pensar que os indígenas vivem isolados e que seu
modo de vida é totalmente harmônico com a natureza. Essa
visão é muito diferente daquela que os índios têm a seu
próprio respeito. Nos estudos feitos por antropólogos e outros
estudiosos, percebe-se que as variadas nações indígenas têm
infinitas formas de se relacionar com o meio que as cerca. Em
comum, os índios têm somente a visão de que a vida, em todos
os sentidos, faz parte de uma rede de relações. Dessa forma, os
índios entendem que o ser humano está em constante ligação
com a natureza. Assim, fica claro que não existe a ideia de
natureza intocada nem mesmo para essas sociedades. Para os
índios, certamente, não se pressupõe a natureza sem a
intervenção humana.
A sociedade de consumo
Vivemos em uma sociedade marcada e dominada pela
lógica do consumo. Todos os seus componentes, jovens,
adultos, idosos - sejam eles ricos ou pobres -, estão inseridos
nesse contexto. Grande parte dos meios de comunicação faz
uma ligação entre o consumo e o prazer. São centenas de
milhares de produtos apresentados como necessários para se
alcançar a felicidade. É cada vez mais comum observarmos que
o ato de consumir é colocado como uma das formas que
permite ao cidadão ou ao indivíduo sentir-se inserido na
sociedade.
A expansão acelerada do consumismo acarreta alta
demanda de energia, minérios, água e tudo o que é necessário
à produção e ao funcionamento dos bens de consumo. Esse
padrão vem se difundindo em todo o globo, por uma espécie
de globalização do consumo, que vem crescendo a cada ano.
Extensos estudos feitos pela ONU, por meio do Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento, alertam para a
velocidade de utilização dos recursos naturais, que já é muito
maior que a capacidade de regeneração da natureza, uma vez
que a reposição de alguns elementos é impossível, pois a escala
de tempo para a sua formação é milhões de vezes maior que a
da vida média dos seres humanos.
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 28
Os impactos do consumismo
Em nossos dias é perceptível que, para manter-se
produtivo, o sistema capitalista precisa ter cada vez mais
recursos, como água e ar, por exemplo. Essa afirmativa, além
de real, é impressionante, uma vez que até bem pouco tempo
atrás água e ar eram recursos limpos.
Hoje a reciclagem e a purificação desses recursos são cada
vez mais complexas e caras. Até mesmo estudos para criação
de tecnologias que permitam esse reaproveitamento têm um
custo altíssimo.
A expansão desenfreada do consumo gera problemas que
antes eram vistos como indiretos, mas que hoje, em função da
complexidade das relações capitalistas, estão cada vez mais
ligados de forma direta aos problemas ambientais.
Estamos diante de um impasse, pois, de fato, precisamos
de desenvolvimento econômico. Mas que tipo de
desenvolvimento econômico pode ter?
O desenvolvimento sustentável
Apesar de relativamente recente, a ideia de
desenvolvimento sustentável vem ~ando espaço com o
desenvolvimento das relações internacionais intensificadas
pelo aumento das trocas comerciais, principalmente nos
últimos 200 anos.
Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) é que
essas preocupações ganharam relevância. Uma das razões
para isso foi a tragédia das bombas atômicas de Hiroshima e
Nagasaki (1945), que mataram centenas de milhares de
pessoas. Ao deixar um rastro de radioatividade, as bombas
ampliaram muito as ocupações ambientais de uma
considerável parcela da população mundial.
Com a criação da ONU, em 1945, as relações internacionais
passaram por uma mudança que também atingiu a questão
ambiental. Em 1949 ocorreu a conferência das Nações Unidas
para a Conservação e Utilização dos Recursos Unscur), em
Nova York. Em 1968 intelectuais, empresários e líderes
políticos criaram uma organização voltada ao debate sobre
futuro da humanidade, o Clube de Roma, que financia
pesquisas para publicação de relatórios importantes. Em :972
eles lançaram o relatório Limites do crescimento, em
conjunto com cientistas do Massachusetts Institute
ofTechnology (MIT).
Esse relatório gerou muita polêmica, pois basicamente
afirmava que, se continuassem os ritmos de crescimento da
população, da utilização dos recursos naturais e da poluição, a
humanidade correria sérios riscos de sobrevivência no final do
século XXI.
Um novo patamar de discussões a partir de 1972
Em 1972, a ONU organizou a Conferência de Estocolmo,
conhecida também como Primeira Conferência Internacional
para o Meio Ambiente Humano.
Já se sabia que a economia do planeta consumia um volume
cada vez maior de combustíveis fósseis recursos não
renováveis - e lançava bilhões de toneladas de dióxido de
carbono na atmosfera, criando uma grande instabilidade
climática.
Buscando abastecer as atividades econômicas e expandir
as áreas produtivas, tem havido uma devastação toda vez
maior de todas as formações vegetais e uma utilização
incessante de terras agrícolas que se desgastam cada vez mais,
provocando uma erosão crescente.
Era preciso reduzir o impacto das atividades econômicas,
mas, para isso, fazia-se necessário reduzir o consumo e o
desperdício. Começava, então, uma corrida para se atingir o
desenvolvimento sustentável.
Efetivamente, poucos avanços foram conseguidos ao final
desse encontro em 1972. Porém, a sensibilização das
lideranças da comunidade internacional acabou levando a
ONU a criar, naquele período, o Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente, conhecida pela sigla Pnuma.
Como as discussões eram preliminares, acreditava-se em
poucas alternativas para a solução da agressão ao ambiente.
Os delegados de Estocolmo afirmavam que era preciso
controlar o crescimento populacional ou reduzir a velocidade
do crescimento econômico - argumentação que ficou
conhecida como Neomalthusianismo. Em ambo os casos, os
mais afetados seriam os países em desenvolvimento pois
haviam iniciado seu processo de industrialização e inserção na
economia mundial recentemente e suas populações tinham
altas taxas de crescimento vegetativo. Dessa forma, ocorreram
muitos protestos desses países, que acusavam os países ricos
de tentar restringir o seu desenvolvimento e assim manter a
dependência dos países pobres em relação aos ricos.
Ficava claro que os países em desenvolvimento e os países
muito pobres não estavam interessados em abrir mão das
vantagens do desenvolvimento econômico em nome da
preservação ambiental.
Como havia muitas discussões sem solução, foi adotado um
conceito chamado “ecodesenvolvimento".
O ecodesenvolvimento é um conjunto de ideias e
procedimentos que dão prioridade ao processo criativo de
transformação do meio em que vivemos, porem com a ajuda
de técnicas ecologicamente corretas e que sejam adequadas a
da um dos lugares. São as populações desses lugares que
devem se envolver, se organizar, utilizar os recursos naturais
de forma prudente e procurar soluções que em a um futuro
digno.
Somente em 1987 o Pnuma divulgou o relatório Nosso
futuro comum. É o primeiro grande documento científico que
apresenta com detalhes as causas dos principais problemas
ambientais e ecológicos.
A grande contribuição desse documento é a popularização
do chamado desenvolvimento sustentável, um
aperfeiçoamento do ecodesenvolvimento que estudamos há
pouco.
Para atingir o desenvolvimento sustentável é necessário:
• implantar projetos econômicos baseados em tecnologias
menos agressivas ao ambiente como uma forma de ajuda ao
combate das instabilidades e do subdesenvolvimento, que
representam um risco para o equilíbrio ecológico, justamente
pela falta de recursos para implementar as mudanças
necessárias.
• combater a pobreza humana, uma vez que populações
desempregadas e desamparadas tendem a retirar recursos da
natureza de forma descontrolada para sua sobrevivência;
portanto, o conceito inclui desenvolvimento social.
• que as decisões sobre os caminhos a serem tomados
tenham ampla participação da sociedade, para que sejam
revertidos em resultados positivos ao equilíbrio ambiental;
portanto, desenvolvimento sustentável inclui democracia,
Em todos os foros nos quais esse tema era discutido,
chegava-se a um consenso: o padrão de consumo dos países
ricos não poderia ser reproduzido pelos países pobres, uma
vez que isso levaria ao esgotamento do planeta. Ao mesmo
tempo, é fundamental que os países ricos procurem soluções
alternativas (recic1agem, uso de energias limpas) para o
consumo exacerbado e assim assumam sua responsabilidade
na preservação ambiental.
Assim, algumas frases extraídas do relatório Nosso futuro
comum definem o conceito de desenvolvimento sustentável:
Desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as
necessidades da geração presente sem comprometer a
capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas
próprias necessidades.
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 29
O desenvolvimento sustentável é mais que crescimento,
Ele exige uma mudança na forma de crescimento, a fim de
consumir menos matérias primas e energia, diminuindo assim
seu impacto.
Fonte: ONU. Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento. Nosso futuro comum. Oxford: OUP, 1987.
O crescimento da economia chinesa passou a ser também
um termômetro da devastação ambiental Antigamente, falar
em um crescimento da economia por volta de 10 representava
mais empregos, mais dinheiro, mais produção. Hoje, essas
taxas podem representar a devastação desenfreada do
ambiente. Não se cresce a taxas de 10 sem comprometer o
equilíbrio ambiental. Se a China continuar a crescer no mesmo
ritmo, 1,45 bilhão de chineses vão ter a mesma renda per
capita que apenas 300 milhões de habitantes dos EUA, em
2030. Isso significa que o padrão de consumo estadunidense
reproduzido vai deixar o planeta em uma séria crise. Observe
alguns dados levantados pelo pesquisador Lester Brown,
divulgados em 2005:
• Se a China continuar a ampliar seu consumo nesse ritmo,
será necessário ampliar uma área produtiva semelhante ao
tamanho da Floresta Amazônica;
• Em 2030, a população da China consumirá 67 da
produção mundial de grãos;
• A China já consome o dobro da quantidade de carne
bovina consumida nos Estados Unidos;
• Em 20310 país terá 1,1 bilhão de carros e queimará 99
milhões de barris de óleo por dia - 20 milhões a mais que a
produção mundial.
Imagine se a Índia seguir o mesmo caminho. Existirão
recursos para tudo isso? Certamente não.
Eco-92
Em junho de 1992, a ONU organizou na cidade do Rio de
Janeiro a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento 'Cnumad), que ficou conhecida
como Cúpula da Terra ou Eco-92.
Entre os objetivos principais dessa conferência,
destacaram-se:
• Examinar a situação ambiental mundial desde 1972 e
suas relações com o estilo de desenvolvimento vigente;
• Estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias
não poluentes aos países subdesenvolvidos;
• Incorporar critérios ambientais ao processo de
desenvolvimento;
• Prever ameaças ambientais e prestar socorro em casos
emergenciais;
• Reavaliar os organismos da ONU, eventualmente criando
novas instituições para implementar as decisões da
conferência.
Vamos conhecer algumas resoluções e documentos
importantes da ECO-92.
A Convenção do Clima
A Convenção do Clima atribuiu aos países desenvolvidos a
responsabilidade pelas principais emissões poluentes, dando
a eles os encargos mais importantes no combate às mudanças
do clima. Aos países em desenvolvimento, concedeu-se a
prioridade do desenvolvimento social e econômico, mantendo,
porém, a tarefa de controlar suas parcelas de emissões de
poluentes na medida em que se industrializassem. As
recomendações da convenção foram:
• adotar políticas que promovessem eficiência energética e
tecnologias mais limpas;
• reduzir as emissões do setor agrícola;
• desenvolver programas que protegessem os cidadãos e a
economia contra
• possíveis impactos da mudança do clima;
• apoiar pesquisas sobre o sistema climático;
• prestar assistência a outros países em necessidade;
• promover a conscientização pública sobre essa questão.
Entretanto, as dificuldades para implementação do acordo
são imensas. Pressionado pelo lobby das indústrias de
petróleo, carvão e de automóveis, o G-7 (grupo formado pelos
sete países mais ricos do mundo, capitaneados por Estados
Unidos, Japão e Alemanha) sabotou o acordo ao exigir que os
países em desenvolvimento também fossem submetidos às
mesmas limitações previstas para eles, mas o Grupo dos 77
(grupo de países em desenvolvimento, capitaneados por
China, Índia e Brasil) não concordou com essa exigência. Os
acordos da Eco-92 ficaram apenas no plano das boas
intenções.
A Convenção da Biodiversidade
Nessa convenção, está prevista a transferência de parte
dos recursos ou lucros obtidos com a exploração e
comercialização dos recursos naturais para o seu local de
origem, que receberia esse volume de dinheiro para aplicar em
programas de preservação e de educação ambiental.
Esse tratado visava a favorecer o diálogo Norte-Sul, ou seja,
as relações entre os países desenvolvidos e as nações em
desenvolvimento. Porém, muito pouco foi feito.
A evolução dos estudos genéticos levou a biotecnologia a
adquirir a capacidade de alterar e reproduzir organismos -
plantas e seres vivos em geral. Esse fato dotou os países ricos
da possibilidade de explorar produtos naturais e modificá-los
geneticamente, adquirindo o direito de patentear tais espécies.
Isso abriu espaço para a biopirataria.
A biopirataria não seria somente a prática de
contrabandear plantas e animais exóticos ou de alto valor
comercial, mas, principalmente, de apropriar-se dos
conhecimentos das populações (como os conhecimentos dos
índios brasileiros sobre as propriedades medicinais de
espécies vegetais, por exemplo) e monopolizá-los, no que se
refere ao uso dos recursos naturais. O quadro é
particularmente crítico em regiões de riquíssima
biodiversidade, como a Amazônia.
O conhecimento das potencialidades de certos elementos
da natureza deve ser disseminado, e não pode ser tratado
como uma mercadoria comercializada como qualquer objeto.
A Agenda 21
Esse documento, assinado pela comunidade internacional
durante a Eco-92, assume compromissos para a mudança do
padrão de desenvolvimento no século XXI. Ou seja, a Agenda
21 procura traduzir em ações o conceito de desenvolvimento
sustentável
O termo "agenda" tem, nesse caso, o sentido de intenções,
isto é, de propostas de mudanças, visando a criar um modelo
de civilização pelo qual sejam possíveis a convivência e a
simultaneidade do equilíbrio ambiental com a justiça social
entre as nações.
A Agenda 21 busca:
• geração de emprego e de renda;
• diminuição das disparidades regionais e interpessoais de
renda;
• mudança nos padrões de produção e consumo;
• construção de cidades sustentáveis;
• adoção de novos modelos e instrumentos de gestão.
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 30
Para alcançar essas metas, é preciso mobilizar, além dos
governos, todos os segmentos da sociedade.
As dificuldades de implementação das decisões da Eco-
92
Algumas das dificuldades para se implementarem esses
tratados foram:
• as questões econômicas, que ainda se sobrepõem às
questões ambientai.
Um agravante é o problema do desemprego, que leva
muito governos a associar a preservação ambiental à
diminuição da atividade econômica;
• o fato de os países ricos não fazerem esforços reais para
cumprir as legislações internacionais, por sofrerem pressões
de grupos sempre ariais prejudicados por muitos desses
tratados;
• o fato de os organismos internacionais dedicados à
diminuição da pobreza e às campanhas de educação ambiental
padecerem de falta de recursos financeiros;
• as tecnologias para produção de energia limpa, que, bem
como os programas de reciclagem em escala industrial,
necessitam de mais pesquisas para se tornarem viáveis a
ponto de levarem ao abandono as práticas poluidoras.
Uma nova etapa pós-Eco 92: o Protocolo de Kyoto
Como estava previsto na Convenção do Clima, assinada
durante a Eco-92, deveria ocorrer um novo encontro
internacional para discutir a redução da emissão de gases
responsáveis pelo aumento da temperatura do planeta. Tal
reunião ocorreu em 1997, em Kyoto, no Japão: líderes de 160
nações assinaram um compromisso que ficou conhecido como
Protocolo de Kyoto. Esse documento previa, entre 2008 e
2012, um corte de 5,2 nas emissões dos gases causadores do
efeito estufa, em relação aos níveis de 1990.
Protocolo de Kyoto permite que os países possuidores de
florestas utilizem-nas como créditos a serem abatidos do total
de emissões que deveriam reduzir. Isso, na prática, permite
que eles não cumpram a meta de redução e comercializem
suas cotas de poluição com os países ricos.
Protocolo de Kyoto previa que os EUA cortassem 7 de suas
emissões de carbono até 2010. No entanto, o volume de
carbono que o país lança na atmosfera ainda está acima dos
níveis de 1990.
Para entrar em vigência, o Protocolo de Kyoto deveria ser
ratificado por, no mínimo, 55 governos, que, se somados,
representassem no mínimo 55 das emissões de CO2
produzidas pelos países industrializados. Essa porcentagem
foi adotada para que os Estados Unidos, maiores poluidores do
planeta, não pudessem impedir, sozinhos, a adoção dessas
medidas.
O mecanismo de desenvolvimento limpo e o comércio
de créditos de carbono
Durante a Conferência de Kyoto foi criado um importante
projeto, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), cuja
meta principal era reduzir a emissão de qualquer poluente ou
produto causador de mudança climática. Ficou estabelecido,
portanto, que empresas de países mais industrializados
seriam incentivadas a investir em projetos de redução de
emissões dos países em desenvolvimento, como o Brasil, por
exemplo.
São considerados projetos de desenvolvimento limpo:
• captura de gás em aterro sanitário;
• troca de combustível;
• geração de energia por fontes renováveis (biomassa,
energia eólica, pequenas e médias hidrelétricas, energia solar);
• compostagem de resíduos sólidos urbanos;
• geração de metano por meio de resíduos orgânicos
(biogaseificação).
Assim, se o projeto comprovadamente retira ou reduz
emissões de carbono, a empresa financiadora obtém créditos
de carbono. Mas o que são créditos de carbono?
Os países que têm metas de redução de emissão de
poluentes fazem um mapeamento das empresas mais
poluidoras. Essas empresas podem compensar a sua emissão
financiando projetos do MDL e, assim, obter créditos que
correspondam ao seu excesso de emissão. Quando a empresa
propriamente dita atingir suas metas de redução, ela vai poder
vender esses créditos para outras empresas que ainda não
atingiram os patamares desejáveis.
Recentes pesquisas apontam um problema muito grave:
países que até 1997, em Kyoto, não representavam ameaças ao
aquecimento passaram a representar.
Brasil, China e Índia, por exemplo, estão se aproximando
cada vez mais dos grandes poluidores. No caso do Brasil, a
devastação das florestas e a expansão dos rebanhos fazem do
país um dos principais emissores de metano, um gás muito
agressivo para a atmosfera. Já Índia e China preocupam pela
crescente industrialização, uma vez que a energia usada é
basicamente oriunda do carvão e do petróleo.
O Protocolo de Kyoto não consegue forçar os participantes
a mudar sua organização socioeconômica poluente para uma
que seja de menor emissão de carbono.
O insucesso de Kyoto mostra que, se novos acordos
surgirem, como veremos a seguir, eles devem incluir metas de
redução a todos os países, sejam eles altamente
industrializados, sejam eles emergentes.
A Rio+10
Em 2002, mais uma vez a ONU tentou estabelecer ações
globais para a melhoria da qualidade de vida. Tal medida ficou
conhecida como Rio+ 10, a Cúpula Mundial sobre o
Desenvolvimento Sustentável, que se realizou em
Johanesburgo '3"0, África do Sul. Os principais temas então
abordados foram:
• clima e energia: foi estabelecido o uso de energias limpas,
mas não foram determinadas as metas. Por isso, os
ambientalistas protestaram, afirmando que o texto permite a
inclusão da energia nuclear; já que incentiva as energias
avançadas.
• subsídio agrícola: segundo muitos críticos, a
superficialidade do texto fortalece a OMC, controlada pelos
países ricos, e esvazia o papel mediador da ONU.
• o Protocolo de Kyoto: desde o protocolo, pouco mudou,
pois os países que não haviam assinado até então apenas
prometeram que estudariam o caso (exceto os Estados Unidos,
que até mesmo abandonaram a reunião antes de seu final).
• biodiversidade: decidiu-se reduzir o ritmo de
desaparecimento de espécies em extinção e repassar os
recursos obtidos pela exploração de produtos naturais para
seus locais de origem.
• água e saneamento: foi decidido que se deve aumentar o
número de pessoas com acesso à água potável. Os críticos
afirmam, porém, que o texto poderia ser mais específico
quanto aos procedimentos conjuntos a serem adotados.
• transgênicos: foram objeto de polêmica, pois as
organizações supranacionais recomendam que regiões com
fome crônica adotem esses alimentos. Por outro lado, o mesmo
documento diz que os países têm o direito de rejeitar os
transgênicos até o surgimento de estudos mais conclusivos.
. pesca e oceano: o tema constituiu a maior conquista da
reunião, já que prevê a criação de áreas de proteção marinha e
a abolição imediata de qualquer subsídio à atividade pesqueira
irregular.
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 31
O Painel intergovernamental de Mudanças Climáticas
(IPCC)
N o fim dos anos 1980, aumentou a percepção de que as
atividades humanas (antrópicas) eram cada vez mais
prejudiciais ao clima do planeta. A ONU convocou cientistas do
mundo todo para acompanhar esse processo e, com a
colaboração de 130 governos, criaram o Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (em inglês,
Intergovernrnental Panel on Climate Change - IPCC).
O principal papel desse organismo foi o de criar relatórios
e documentos para acompanhar a situação ambiental do
planeta e também o de fornecer essas informações para a
Convenção do Quadro das Nações Unidas sobre. Mudanças
Climáticas, órgão responsável por essas discussões. Em 2007,
o IPCC recebeu, junto com o ex-vice-presidente estadunidense
AI Gore, o prêmio Nobel da paz, pelo trabalho de divulgação ebusca
de conscientização sobre os riscos das mudanças
climáticas.
Veja a seguir os principais alertas do IPCC:
• a temperatura da Terra deve subir entre 1,8 °C e 4°C, nas
próximas décadas, o que aumentará a intensidade de tufões e
secas, ameaçará um terço das espécies do planeta e provocará
epidemias e desnutrição;
• o derretimento das camadas polares pode fazer que os
oceanos elevem-se entre 18 em e 58 cm ate 2100, fazendo
desaparecer pequenas ilhas e, assim, obrigando centenas de
milhares de pessoas a aumentar o fluxo dos chamados
"refugiados ambientais".
A Conferência de Copenhague
Em dezembro de 2009, realizou-se em Copenhague,
Dinamarca, a Cop-15 (Conferência da ONU sobre Mudanças do
Clima), a 15~ conferência das Partes da ONU. O princípio que
norteou o encontro foi o das responsabilidades comuns,
porém diferenciadas. Mas o que seria isso?
Os países industrializados, que historicamente foram os
primeiros a lançar uma quantidade maior de CO2 e outros
gases de efeito estufa na atmosfera, têm uma responsabilidade
maior no corte de emissões. Acreditava-se que eles fossem
assumir plenamente uma meta de 25 a 40 de redução até 2020.
Os países emergentes seguiriam o mesmo caminho, mas com
outras metas.
O Reino Unido apresentou um projeto de longo prazo, que
visa à transição para o baixo carbono (baixo consumo de
derivados de carvão e petróleo), a ser adotado por toda a sua
sociedade e economia. Os Estados Unidos apresentaram seus
esforços, iniciados no governo Barack Obama, para se atingir
uma energia limpa, ou seja, menos dependente do petróleo e
de seus derivados.
Estes são os resultados da reunião de Copenhague:
• Brasil, China, Índia, Estados Unidos e África do Sul foram
os responsáveis pela redação do documento final da
conferência, mas que não representava a intenção ou os
anseios de todos os líderes que lá estavam;
• mais uma vez um texto genérico fala sobre a necessidade
de evitar um aumento da temperatura global;
• o acordo criou um fundo de US$ 100 bilhões para os
próximo três ano com o objetivo de auxiliar os países em
desenvolvimento a criar uma economia sustentável e de
diminuir suas emissões de poluentes•
• o acordo não estabeleceu novas datas de reuniões mas se
comprometeu a manter as negociações em caráter
permanente.
A Rio+20
Em 2012, o Rio de Janeiro foi sede de um evento para
marcar o 20 aniversário da Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento do meio Ambiente, realizada em 1992,
conhecida como Rio-92. O encontro foi popularmente chamado
de Rio+20.
A meta principal foi fazer um balanço dos últimos _o ano
na busca de um modelo econômico baseado no
desenvolvimento sustentável, Uma das principais resoluções
foi transformar o Programa das -ações Unidas para o Meio
Ambiente (Pnuma) numa agência da ONU, como a Organização
Mundial da Saúde (OMS) ou a Organização Mundial do
Comércio (OMC), o que lhe daria mais poderes e recursos.
O fato mais frustrante nessa conferência foi a posição do G-
77 (grupo dos países mais pobres ou em desenvolvimento, que
e articula eventualmente em reuniões internacionais). Como
eles pretendem crescer economicamente, praticamente
rejeitaram os termos específicos sobre uma economia
ambientalmente mais equilibrada e sobre investimentos em
energias renováveis. Isso obviamente aconteceria, já que não
ocorreram grandes avanços nem mesmo entre os países ricos.
Apesar disso, um exemplo de avanço na Rio+20 foi o acordo
que o grupo das 40 megacidades fez para reduzir suas
emissões de gases causadores de efeito estufa.
Os principais problemas ambientais do planeta
Poluição Atmosférica
A poluição do ar consiste no lançamento e acúmulo de
partículas sólidas e gases tóxicos que se concentram na
atmosfera terrestre alterando suas características físicoquímicas.
De maneira geral, os poluentes atmosféricos podem ser
produzidos por fontes primárias ou secundárias. Os poluentes
primários são aqueles liberados diretamente das fontes de
emissão, como os gases que provém de queimadas em
florestas ou da queima de combustíveis fósseis (petróleo e
carvão), lançados do escapamento dos veículos automotores e
também das chaminés das fábricas, entre eles, monóxido de
carbono (CO), dióxido de carbono (CO²), dióxido de enxofre
(SO²) e metano (CH4). Os poluentes secundários, por sua vez,
são aqueles formados na atmosfera a partir de reações
químicas entre poluentes primários e componentes naturais
da atmosfera, como o ácido sulfúrico (H²SO4), ácido nítrico
(HNO³) e ozônio (O³). A esses poluentes somam-se ainda
materiais particulados que abrangem um grande conjunto de
poluentes formados por poeiras, fumaças, materiais sólidos e
líquidos, que se mantêm suspensos na atmosfera.
Desde o início da Revolução Industrial, em meados do
século XVIII, o nível de poluentes na atmosfera terrestre vem
aumentando exponencialmente com o avanço da
industrialização, dos meios de transportes e demais atividades
econômicas que se desenvolvem apoiadas na queima de
combustíveis fósseis. Milhares de toneladas de gases
poluentes são lançados todos os dias na atmosfera terrestre,
desencadeando uma série de problemas ambientais, com
impactos que ocorrem tanto em escalas local e regional (como
o fenômeno das inversões térmicas e das chuvas ácidas)
quanto em escala global (como a diminuição da camada de
ozônio e a ocorrência do efeito estufa).
A alta concentração de poluentes no ar forma uma camada
de partículas em suspensão, parecida com uma neblina,
conhecida como smog, fazendo com que a visibilidade diminua.
Também causa muitos problemas de saúde, principalmente
relacionados ao sistema respiratório e cardiovascular. Em
grandes centros urbanos dos países industrializados, é
frequente os níveis de poluição do ar ultrapassarem os limites
estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Esses gases poluentes são provenientes da queima de florestas
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 32
e, em especial, de combustíveis fósseis (petróleo e carvão). Os
principais agentes poluidores são os veículos automotores e as
indústrias, sobretudo as termelétricas, siderúrgicas,
metalúrgicas, químicas e refinarias de petróleo.
Um exemplo disso é a população chinesa, que é
aconselhada constantemente a usar máscara para sair às ruas,
evitar exercícios ao ar livre e, em dias críticos, é alertada a
permanecer no interior de suas casas, devido aos altos níveis
de poluição do ar encontrados em diversas províncias do país.
Foram registradas milhares de mortes, principalmente na
última década, decorrentes de problemas respiratórios e
cardiovasculares agravados pela poluição do ar.
Inversão térmica
Em condições normais, o ar presente na Troposfera
costuma circular em movimentos ascendentes, o que ocorre
em razão das diferenças de temperatura entre o ar mais
aquecido e, portanto, mais leve, nas camadas mais baixas, e o
ar mais frio e mais denso, nas camadas mais elevadas.
Em regiões afetadas por intensa poluição atmosférica,
como os grandes centros urbanos, a fuligem e os gases
poluentes lançados pelas chaminés da fábricas e pelo
escapamento dos veículos automotores tendem a se dispersar
por meio dessas correntes ascendentes. Em dias mais frios,
com baixas temperaturas e pouco vento, típicos do outono e do
inverno, a ausência de corrente de ar dificulta a dispersão dos
poluentes atmosféricos. Nessa situação, o ar em contato com a
superfície mais fria também se resfria, ficando aprisionado
pela camada de ar mais quente acima, o que impede a
dispersão dos poluentes atmosféricos. Tem-se, assim, uma
inversão da temperatura do ar atmosférico, a chamada
inversão térmica, fenômeno que pode ser observado na forma
de uma faixa cinza-alaranjada no horizonte dos grandes
centros urbanos.
Com a ausência dos ventos ascendentes, os poluentes
atmosféricos deixam de dispersar e concentram-se próximos à
superfície, o que compromete a qualidade do ar e gera
problemas de saúde aos habitantes das grandes cidades.
Quando expostas aos altos índices de poluição, muitas pessoas
apresentam sintomas como dores de cabeça, coceira na
garganta e irritação nos olhos, crises alérgicas e pulmonares,
problemas que afetam principalmente crianças e idosos, mais
sensíveis à poluição.
As mudanças climáticas
A humanidade já passou por períodos mais quentes que o
atual e por períodos muito frios, como podemos observar no
gráfico a seguir.
Dessa forma, muitos podem afirmar que as preocupações
com o aquecimento são exageradas e que a Terra vai passar
por períodos de resfriamento tal qual já ocorreu.
Isso não é verdade. ° problema está no fato de que se
ampliou muito a emissão de CO2 na atmosfera desde o início
da Revolução Industrial As fábricas e as indústrias usavam e
ainda usam carvão mineral e, posteriormente e, petróleo para
gerar energia. Com o avanço das tecnologias, o petróleo passou
a ser usado também como matéria-prima e fonte de
combustíveis para muitos sistemas de transporte.
Apesar de a emissão de poluentes não ser igual em todos
os países e de os mais industrializados terem responsabilidade
maior nesse processo hoje já é possível afirmar que se trata de
um problema global. Grandes quantidades de poluição
produzidas em um lugar podem atingir outras localidades do
planeta em função da circulação das massas de ar que
transportam esses rejeitos.
O desequilíbrio no efeito estufa
O principal problema causado pelo CO2 e por outros
poluentes é o desequilíbrio no efeito estufa. ° efeito estufa é um
fenômeno natural em que alguns gases funcionam como
retentores de calor, condição fundamental para manter a
existência de vida no planeta.
As temperaturas médias no mundo subiram muito nos
últimos 150 anos, e a explicação está no acúmulo de gases
causadores do efeito estufa.
O metano é outro gás muito agressivo. Sua capacidade de
reter calor na atmosfera é 23 vezes maior que a do gás
carbônico. Cerca de 30 das emissões mundiais de metano estão
ligadas à pecuária, principalmente pela ruminação e pelo
esterco.
Pesquisas realizadas pela Organização para Alimentação e
Agricultura (em inglês, Food and Agriculture Organization -
FAO), órgão vinculado à ONU responsável pelo setor de
alimentação, e pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) afirmam que algumas árvores são
suficientes para reter o metano liberado pelo processo de
ruminação. Além disso, o crescimento das pastagens absorve o
carbono.
O metano é liberado também por outras fontes: pela
queima de gás natural, de carvão e de material vegetal e
também por campos de arroz inundados, esgotos, aterros e
lixões.
O meta no ainda é preocupante em função da devastação
das florestas. Um exemplo é o caso das matas brasileiras, em
especial da Floresta Amazônica. Historicamente, o fogo é um
dos principais aliados dos pequenos camponeses para
derrubar a floresta. As queimadas na Amazônia são utilizadas
há muito tempo como forma de criar áreas para a agricultura
de subsistência, fato que já faz parte cultura do povo essa
região. A expansão das atividades econômicas, especialmente
a agricultura comercial, a pecuária e a exploração madeireira,
vem levando a região a entrar na lista dos maiores emissores
de poluição do planta em função da destruição de sua
biomassa.
O buraco na camada de ozônio
No final do século XVIII e início do século XIX, o cientista
holandês lartinus van Marum descobriu um gás com cheiro
muito forte durante algumas experiências com reações
químicas. Anos depois, o cientista alemão Friedrich Schõnbein
chamou esse gás de ozônio quando percebeu que ele era
liberado nos processos químicos de purificação da água.
Schõnbein também notou que esse gás subia pelo ar
rapidamente e adquiria uma cor azul bem pálida. Ele
acreditava então que o ozônio existia em grande quantidade
nas altas camadas da atmosfera, fato que veio a ser
comprovado por Gordon Dobson por volta dos anos 1920.
Por meio dessas pesquisas foi possível perceber que a
camada de ozônio é um filtro natural para a Terra. A
constituição química do gás detém os raios solares nocivos à
saúde humana; portanto, a camada de ozônio é um dos
elementos mais importantes para a manutenção da vida.
A destruição dessa camada tem relação direta com o modo
de vida e o modelo produtivo adotado pela economia mundial
nos últimos tempos. Para refrigerar os alimentos usavam-se,
no início do século XX, gases extremamente perigosos, como a
amônia e o enxofre.
No final dos anos 1920, Thomas Midgley Jr. descobriu um
gás proveniente da combinação do carbono com o flúor e o
cloro: trata-se do clorofluorcarboneto (CFC), depois registra o
pela empresa dona a patente como gás fréon.
Com inúmeras vantagens em relação aos outros gases, o
fréon passou a ser usado largamente e permitiu a
popularização das geladeiras domésticas, que eram
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 33
impensáveis quando se usavam os outros gases. As pesquisas
permitiram a fabricação de espumas, produtos de limpeza,
sprays e uma quantidade infinita de derivados desse gás.
Em meados dos anos 1980, descobriu-se a existência de
uma falha nessa camada protetora da Terra. Cientistas
britânicos e estadunidenses anunciaram que havia um buraco
de milhões de quilômetros quadrados na atmosfera sobre a
Antártida.
As pesquisas apontavam que esse buraco era causado pela
emissão de gases Réon, que, quando sobem às altas camadas,
destroem o ozônio e permitem a passagem dos raios solares
nocivos à vida. O problema reside no fato de que esses gases
duram na atmosfera entre 20 e 90 anos.
O buraco está principalmente sobre a Antártica, mas já se
notam pequenas falhas também no Hemisfério Norte. Sabe-se
que existe um sistema mundial de circulação de ar que
acumula os gases fréon sobre a Antártica em quantidade
máxima justamente nos meses mais frios, quando o ar fica
mais denso e circula somente nas proximidades dessa área.
Quando os raios solares mais fortes chegam a essa região no
verão, as reações químicas quebram o ozônio e permitem a
passagem dos raios nocivos.
A solução para esse problema está ligada à redução da
emissão de gás CFC, fato que já foi registrado muitas vezes por
cientistas credenciados pela ONU. Para se chegar a esse
pequeno avanço, foi assinado em 1987 o Protocolo de
Montreal (Canadá), que previa a erradicação gradual da
produção de CFC. Entre 1988 e 1995, o consumo do gás
diminuiu quase 80 em escala mundial. Mesmo assim,
especialistas acreditam existir um mercado paralelo e ilegal de
CFÇ que movimenta milhares de toneladas de gás por ano.
Esse quadro influencia diretamente a saúde humana.
Especialistas na área de medicina afirmam que os casos de
catarata e câncer de pele vêm se avolumando em grande escala
no planeta. Em algumas cidades do extremo sul da América do
Sul, principalmente, como Punta Arenas, no Chile, as pessoas
usam roupas de mangas compridas, óculos escuros, protetor
solar e chapéus entre 11 e 15 horas, quando os raios solares
são mais fortes. Essas precauções já fazem parte do cotidiano
de muitas pessoas no planeta.
A devastação das florestas
As atividades agropecuárias, a urbanização e a
industrialização podem ser caracterizadas de maneira geral
como os processos que iniciaram a devastação das florestas.
Com o desenvolvimento da tecnologia em todos os campos
da ação humana, surgiram métodos que aceleraram o
desmatamento e acabaram afetando vastas áreas ricas em
biodiversidade.
Como exemplos, podem-se citar extensas áreas florestais
da Europa e dos Estados Unidos praticamente extintas no final
do século XIX e início do século XX. Esse processo esteve ligado
ao desenvolvimento e ao avanço das relações capitalistas que
se materializavam no território.
Infelizmente esse processo de destruição continua até hoje
e de forma cada vez mais preocupante. A instalação de
atividades econômicas sobre áreas praticamente intactas é
resultado da expansão da indústria madeireira, das atividades
mineradoras, em especial as ilegais, e da corrida por novas
áreas pela agricultura comercial, fato que ficou conhecido
como expansão das fronteiras agrícolas.
A partir dos anos 1980, principalmente, a consciência
ecológica levou muitos países, em especial os mais
desenvolvidos, a realizar programas de replantio de espécies
nativas, o que possibilitou a recuperação de antigas áreas
devastadas. Em contrapartida, nos países mais pobres e nas
nações em desenvolvimento, essa tragédia natural tem
crescido ano a ano.
A atuação de grandes empresas exploradoras que operam
em regiões florestais do planeta gera outros graves problemas.
As populações das regiões florestais extremamente pobres
viviam dos frutos das florestas de forma racional, uma vez que
o ritmo de exploração das matas permitia a sua regeneração.
Com a chegada das grandes empresas exploradoras, ocorreu
uma radical mudança na vida dessas pessoas.
Desprovidos de áreas para exercer suas atividades, os
trabalhadores pobres empregam-se nessas companhias,
recebendo baixíssimos salários. Aqueles que não trabalham
nessas empresas acabam derrubando a mata para vender a
madeira de forma ilegal e assim obter recursos para sustentar
suas famílias.
Nos últimos anos as preocupações estão cada vez maiores,
pois mapeamentos detalhados mostram que a devastação põe
em risco principalmente as florestas localizadas em regiões
úmidas do planeta. São áreas de mata inundadas ou saturadas
de água, como as várzeas dos rios, manguezais, florestas em
áreas costeiras e próximas de grandes bacias hidrográficas.
Na Ásia, a maior parte das terras úmidas florestadas estão
ameaçadas pela expansão da agricultura comercial do arroz e
pela exploração de madeira, como no caso da indonésia, que já
perdeu grande parte de sua cobertura florestal original.
Todos os relatórios e avisos feitos pelos cientistas alertam
que essas áreas úmidas devem ser preservadas, pois ajudam a
regular o fluxo e o abastecimento de depósitos subterrâneos
de água. Caso essas regiões entrem em colapso natural, isso
pode gerar um efeito desastroso para a sociedade, que ficaria
sem água.
Uma experiência que merece menção é a da Finlândia.
Quase 80 do território finlandês é coberto por florestas, o que
é a maior taxa de ocupação florestal da Europa, em razão de as
florestas terem sido consideradas patrimônio ecológico, social,
cultural e econômico do país. Nas últimas décadas, as áreas
plantadas vêm superando as áreas cortadas em 20 a 30
anualmente.
Um dos grandes segredos desse sucesso está no replantio
de espécies nativas; na Finlândia somente podem ser
replantadas madeiras originais daquela região. Isso permite
uma atividade econômica mais sustentável e não tão agressiva
ao solo, ao clima e aos animais que habitam essas matas.
Os defensores da silvicultura (atividade que se dedica ao
manejo e estudo de florestas plantadas) finlandesa afirmam
que a estrutura do replantio é semelhante à das florestas
naturais e que os seres humanos a exploram desde sempre.
Dessa forma, a indústria florestal é um dos maiores setores
da economia do país, e a comercialização de madeira, papel,
polpa de papel e outros derivados da celulose chega a
representar cerca de 30 de suas exportações.
Para combater o mercado clandestino de madeira e o
desmatamento em todo o mundo, foi criada a certificação
florestal pelo Conselho de Manejo Florestal 'Forest
Stewardship Council - FSC), uma entidade ambientalista
mundial.
Esse certificado garante ao consumidor final de madeira e
de seus derivados que aquele produto é fruto de um
reflorestamento não agressivo ou mesmo de uma exploração
sustentável, que preserva e respeita o ritmo de regeneração da
natureza. Já existem milhares de itens e produtos que contam
com essa certificação. Portas, pisos, móveis e até mesmo papel
higiênico são certificados para comprovar que não vieram de
uma matéria-prima fruto da devastação.
Os hotspots
A enorme diversidade natural das florestas chamou a
atenção de muitos pesquisadores. Um deles foi o cientista
inglês Norma Myers. Ao perceber que existiam algumas
regiões com maior variedade de espécies vegetais e animais
que outras, ele deu um novo significado para o conceito de
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 34
biodiversidade, antes visto genericamente como o incrível
número de espécies diferentes do planeta.
Após as pesquisas de Myers, a biodiversidade pôde ser
medida. Existem lugares mais biodiversos e outros menos. Ele
procurou identificar as regiões que concentravam os mais
altos níveis de biodiversidade para direcionar as ações de
conservação. Essas regiões, que foram por ele chamadas de
hotspots, são localidades prioritárias para a conservação, pois
sua destruição comprometeria um número maior de vegetais
e animais. Myers definiu hotspot da seguinte forma: área com
pelo menos 1500 espécies endêmicas de plantas e que tenha
perdido mais de três quartos de sua vegetação original.
Depois de inúmeras pesquisas, percebeu-se que todos os
hotspots juntos somam apenas 2,3 da superfície terrestre.
Nessa superfície estão 50 das plantas e 42 de todos os animais
vertebrados do planeta; ou seja, cuidando como se deve e com
comprometimento, podemos preservar quase metade de toda
a vida.
A destruição dos recursos hídricos
O modelo econômico que vigora em nossos dias é marcado
por um consumo crescente de mercadorias das mais variadas:
de alimentos a automóveis, de geladeiras a roupas. Para
produzir tanto, estamos assistindo a um desenfreado consumo
de água. Veja de maneira geral como foi a evolução do
consumo de água :10 Brasil e no mundo no século XX.
Em função desse modelo econômico, o processo de
industrialização e de urbanização dá origem a um volume cada
vez maior de esgotos domiciliares, lixo e outros resíduos, que
são lançados nos rios e mares cotidianamente. Isso afeta
qualidade das águas, tanto as superficiais quanto as dos
aquíferos, em vários pontos do planeta.
No final dos anos 1990, veio à tona um problema
exemplarmente grave no norte do Golfo do México, litoral
sudeste dos Estados Unidos. Produtos químicos como
fertilizantes foram levados para o mar pelo Rio Mississipi,
destruindo oxigênio nessas águas. Consequentemente, a vida
marinha foi dizimada, gerando o que os especialistas passaram
a chamar de "zona morta", com aproximadamente mil
quilômetros quadrados.
Escassez de água: uma crise anunciada
Os rios e os lagos, que formam os ecossistemas de água
doce, são considerados o meio de vida natural mais ameaçado
do planeta.
Embora ocupem apenas 1 da superfície terrestre, os
ecossistemas de água doce abrigam cerca de 40 das espécies
de peixes e 12 dos demais animais. Para ter uma ideia da
diversidade desses ecossistemas, o Rio Amazonas, sozinho,
possuiu mais de 3 mil espécies de peixe. Todos os estudos
feitos recentemente apontam que 34 das espécies de peixes de
água doce encontradas em todo o mundo correm o risco de
extinção, ameaçadas, principalmente, pela construção de
represas, canalização dos rios e poluição.
Entre 1950 e os nossos dias, o número de grandes
barragens no mundo passou de 5750 para mais de 41 mil, fato
que alterou radicalmente a dinâmica da vida aquática.
Esse cenário alarmante é agravado pela pequena
disponibilidade de água para o consumo humano.
Embora 75 da superfície terrestre seja recoberta por água,
os seres humanos só podem usar uma pequena porção desse
volume, porque nem sempre ela é adequada ao consumo. É o
caso da água salgada dos mares e oceanos, que representa
cerca de 97 da quantidade total disponível na Terra.
Dos cerca de 3 restantes, apenas um terço é acessível, em
rios, lagos, lençóis freáticos superficiais e na atmosfera. Os
outros dois terços são encontrados nas geleiras, calotas
polares e lençóis freáticos muito profundos.
Além de ser um recurso finito, a água é cada vez mais
consumida no mundo todo. Ao longo do século XX, por
exemplo, a população mundial cresceu três vezes, enquanto as
superfícies irrigadas cresceram seis vezes e o consumo global,
sete vezes.
Esse aumento exponencial do consumo mundial de água
está gerando um fenômeno conhecido como estresse hídrico,
isto é, carência de água. Segundo o Banco Mundial, essa
situação ocorre quando a disponibilidade de água não chega a
1000 metros cúbicos anuais por habitante.
As águas mal usadas e a salinização dos solos
São consideradas regiões que sofrem com a salinização
aquelas que perdem o rendimento econômico na agricultura.
Os solos mais sujeitos a esse problema são os que estão em
regiões mais secas. Neles, qualquer tipo de irrigação mal
conduzida pode gerar uma forte salinização se não estiver
presente um adequado sistema de drenagem. A Organização
das Nações Unidas para Alimentação e agricultura estima que,
dos 250 milhões de hectares irrigados em todo o planeta, cerca
de metade já tem problemas de salinização, e uma grande
parte é abandonada todo ano por esse motivo. Por isso, a
irrigação precisa ser feita com muito cuidado.
Entendemos que a água está cada vez mais escassa em todo
o globo. A combinação de fatores naturais e socioeconômicos
com. pressão demo gráfica e uso irracional gera desertificação,
salinização e poluição desenfreada.
O aumento do estresse hídrico já reduziu de forma
considerável as reservas hídricas disponíveis no planeta. Em
quase metade das localidades habitadas, já existem problemas
de escassez, e cerca de 20 a 30 da população mundial não têm
acesso a redes satisfatórias de água e esgoto. Esse quadro fica
ainda mais grave uma vez que a escassez desse recurso se
soma a problemas políticos entre povos e nações.
No Oriente Médio, por exemplo, há inúmeras disputas pela
posse da água que se misturam a rivalidades criadas por
décadas de conflitos.
Israelenses e palestinos têm na água um dos maiores
pontos de discórdia. Eles disputam as águas oriundas da
nascente do Rio Jordão e do Lago Tiberíades nas proximidades
das Colinas de Golã. Além disso, 90 dos canais de
abastecimento de água são controlados por Israel.
Organismos internacionais afirmam que a disponibilidade
per capita de água é quatro vezes maior em Israel do que nos
territórios palestinos, fato que potencializa epidemias, queda
da produtividade agrícola e tantos outros problemas.
Outro exemplo de tensão em razão da disputa pela água
ocorre entre Síria, Turquia e Iraque. A Turquia tem um plano
de desenvolvimento que inclui a construção de mais de 20
barragens ao longo dos rios Tigre e Eufrates.
Essas obras de grande porte alteram radicalmente a vazão
de água dos rios e ameaçam o abastecimento de grandes áreas
em países vizinhos, como o Iraque e a Síria. Esses países
discutem hoje um estatuto comum para a administração
desses rios, visto que não foram poucas as vezes que eles
entraram em alerta para uma possível guerra: um temendo
perder o enorme volume de água, fundamental para seu povo,
outro temendo perder as barragens, fundamentais para seu
desenvolvimento.
A destruição dos oceanos
A intensificação do comércio internacional nas últimas
décadas tem deixado marcas negativas nos oceanos.
Nos mares de quase todas as regiões do planeta existem
gigantescas manchas de petróleo. Em parte, essas manchas
ocorrem por descaso e pelo uso de equipamentos obsoletos
que causam vazamentos. Além disso, muitos navios
petroleiros chegam a lavar seus reservatórios nas costas de
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 35
países pobres, especialmente africanos, que não têm sistemas
de vigilância eficientes para evitar esse crime.
Outro grave problema é a pesca predatória, que também
contribui para o esgotamento dos estoques de pescados
oceânicos. Cerca de 90 das espécies comerciais, ou seja,
pescadas, processadas e vendidas, correm risco iminente de
destruição em razão da pesca predatória.
Grandes grupos econômicos ligados direta e indiretamente
ao setor alimentício são os responsáveis por essa destruição.
Eles permitem a prática da pesca predatória, que, na busca do
lucro imediato, não respeita, em muitos casos, o período de
reprodução das espécies, fato que minimamente garantiria a
reposição dos estoques.
O mar também sofre a partir das terras costeiras. Grupos
imobiliários promovem a ocupação irregular de áreas
litorâneas pela construção de casas, condomínios e hotéis em
áreas de manguezal, alterando o equilíbrio ambiental.
É importante lembrar que os oceanos são fundamentais
para o equilíbrio ecológico de todo o planeta. Eles concentram
97% das águas e produzem cerca de -:1\6 do oxigênio da
atmosfera, além de serem os principais responsáveis pela
recomposição dos estoques de água doce, graças à umidade
que geram. Por todos - es fatores, os oceanos são fundamentais
para a manutenção das características climáticas do planeta.
A degradação dos solos
A degradação do solo geralmente é causada pela
associação de situações climáticas extremas, como a seca ou o
excesso de chuvas, com práticas predatórias, como o
desmatamento de áreas florestais, a expansão das pastagens, a
utilização intensiva de agrotóxicos e a mineração
descontrolada.
Essas atividades alteram e destroem a cobertura vegetal
natural do solo, deixando-o exposto à ação das intempéries
como o vento e a chuva, que gradualmente desgastam o solo
desnudo de vegetação.
Esse processo erosivo pode evoluir, e a rocha bruta, base
do solo, chegar a ficar exposta. Quando isso ocorre, está se
iniciando o processo de desertificação.
O manejo agrícola inadequado é um dos grandes
responsáveis pela degradação dos solos. Quase metade das
áreas agrícolas do planeta tem algum problema que afeta a sua
produção de alimentos.
Esse problema está longe de ser somente ambiental. Ele
tem profunda relação com a sociedade e a economia, uma vez
que a perda de grãos com a desertificação chega a mais de 20
milhões de toneladas, cifra suficientemente grande para
atenuar o problema da fome no mundo.
As consequências nefastas da degradação do solo afligem
também grandes contingentes populacionais. Calcula-se que
30 milhões de pessoas morreram, nas últimas décadas, de
fome ocasionada pelo esgotamento de suas áreas naturais, e
mais de 120 milhões realizaram o êxodo rural nos últimos 50
anos.
As soluções para esse problema passam sempre pela
alteração do modelo produtivo ou pela aplicação de enormes
recursos financeiros na recuperação de áreas.
Em 1994 foi assinada a Convenção das Nações Unidas de
Combate à Desertificação. A principal decisão foi a aplicação de
vastos recursos financeiros para promover a educação
ambiental, principalmente em sociedades agrárias, para que
estas sejam reprodutoras das práticas e dos conhecimentos
voltados à conservação dos solos.
Resíduos sólidos: recurso e problema
Diariamente milhões de toneladas de resíduos sólidos são
lançadas no ambiente. A prática de depositar resíduos ao ar
livre, lançá-los na água, descartá-los em terrenos baldios e
queimar os restos inaproveitáveis teve início nas civilizações
antigas, em que os métodos de lidar com os descartes
consistiam em depositá-los bem longe das moradias.
Essa solução vigorou durante muito tempo e se incorporou
à cultura cotidiana de muitas populações. Hoje é evidente que
o crescimento populacional e o aumento do consumo levaram
a humanidade a uma enorme produção de resíduos, que
causam graves problemas quando manipulados e depositados
de forma inadequada.
Após a década de 1950, iniciou-se uma mudança de
mentalidade em relação ao resíduo sólido, a princípio nos
países mais ricos. Antes visto como desprezível e
problemático, gradualmente ele passou a ser encarado como
energia, matéria prima e parte da solução para alguns
problemas.
Atualmente, processos como a reciclarem reduzem o
volume de resíduos sólidos descartado e interferem no
processo produtivo, economizando energia, água e matériaprima,
além de reduzir sensivelmente a poluição da água, do
ar e do solo. Mesmo assim, a quantidade de lixo reciclada é
muito pequena perante a total.
Uma das soluções que podem ajudar a solucionar esse
problema é a coleta seletiva de lixo, ou seja, o processo pelo
qual se separam os materiais encontrados no lixo. Essa
separação é fundamental para o reaproveitamento dos
resíduos, pois a coleta potencializa o reaproveitamento dos
materiais. A reciclagem passou a ser uma obrigação em função
do enorme volume de. Do que a sociedade produz.
Um cidadão estadunidense produz quase 800 quilos de
resíduos sólidos por ano. O surgimento de novas mercadorias,
o desperdício de matérias por falta de urna efetiva educação
ambienta1 e o uso de produtos descartáveis industrializados
são os principais responsáveis pela contínua tendência de
expansão desse índice. Segundo os estudos mais recentes, cada
tonelada reciclada resulta em uma economia de 500 dólares. A
fabricação de papel reciclado, por exemplo, consome 74%
menos energia que a produção de um papel novo.
O Japão reutiliza 50 de seu resíduo sólido e desenvolveu
processos de reutilização das águas do chuveiro no vaso
sanitário. Nos Estados Unidos e na Europa, as autoridades
estão eliminando os aterros sanitários - em que o lixo
acumulado acaba contaminando o solo e a água subterrânea -
ao mesmo tempo que estimulam a instalação de usinas de
reciclagem. Desde 2006, a União Europeia exige dos
fabricantes de automóveis e motocicletas que se
responsabilizem pelo destino final de 85 do material dos
veículos.
As consequências das mudanças climáticas e
ambientais
A chuva ácida
A atmosfera, como vimos, vem sendo contaminada por
compostos químicos como o enxofre e o nitrogênio, que vão se
concentrando no vapor de água e, consequentemente, nas
nuvens. Estas, quando muito carregadas, despejam uma chuva
extremamente ácida.
Até a década de 1990, a chuva ácida era comum apenas nos
países de industrialização mais antiga, mas depois, com a
expansão mundial do processo industrial, ela passou a ocorrer
em grande quantidade também na Ásia, em países como China,
Índia, Tailândia e Coreia do Sul, que hoje são os grandes
responsáveis pela emissão de óxido nitroso (NO) e dióxido de
enxofre (S02). Grande parte desse problema foi surgindo
conforme a produção industrial se expandia. Isso significou
maior uso de termelétricas que geram energia por meio do
carvão e do petróleo (combustíveis altamente poluentes),
maior circulação de carros e outros meios de transportes.
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 36
Nos últimos anos há incidência de chuva ácida
praticamente em todo o mundo. Em alguns lugares onde não
existem atividades industriais poluentes, ela ocorre em razão
do deslocamento das massas de ar vindas de países emissores
de poluição.
Entre as consequências da chuva ácida, destacam-se:
• alteração da composição do solo e das águas, tanto dos
rios quanto dos lençóis freáticos;
• destruição da cobertura florestal. No Brasil, isso é visível
em trechos das encostas da Serra do Mar nas proximidades de
Cubatão, no litoral de São Paulo, importante polo industrial
petroquímico que já foi conhecido mundialmente pela péssima
qualidade do ar;
• contaminação das lavouras;
• corrosão de edifícios, estátuas e monumentos históricos.
No Hemisfério Norte, as chuvas ácidas já provocaram
alterações em 35 dos ecossistemas.
Poluição Atmosférica e Aquecimento Global: O aumento
da temperatura do planeta
As razões do aumento da temperatura do planeta ainda
geram muitos debates entre os cientistas. Causas naturais e
provocadas pelos seres humanos têm sido propostas para
explicar o fenômeno. A principal evidência do aquecimento
vem das medidas de temperatura de estações meteorológicas
em todo o globo desde 1860. Os dados mostram que houve um
aumento médio da temperatura durante o século XX. Para
explicar essas mudanças, os cientistas usam ainda evidências
secundárias, como a variação da cobertura de gelo e neve em
certas áreas, o aumento do nível dos mares e das quantidades
de chuvas, entre outras.
Diversas montanhas já perderam enormes áreas geladas e
nevadas, e a cobertura de gelo no Hemisfério Norte na
primavera e no verão também diminuiu drasticamente.
O aumento da temperatura global pode levar um
ecossistema a graves mudanças, forçando algumas espécies a
sair de seus hábitats, invadindo outros ecossistemas, ou
potencializando a extinção.
Outra situação que causa grande preocupação é o aumento
do nível do mar, de 20 a 30 em por década. Algumas ilhas no
Oceano Pacífico já sofrem com esse problema.
Deve-se lembrar que a subida dos mares ocorre
principalmente por causa da expansão térmica da água dos
oceanos, ou seja, as águas dilatam; no entanto, as
preocupações com o futuro incluem também o derretimento
das calotas polares e dos glaciares, que guardam enormes
quantidades de água na forma de gelo. Alguns cientistas
afirmam que as mudanças podem ocorrer de forma sutil e
mesmo imperceptível.
Tudo isso leva a uma situação preocupante. Previsões
feitas pela ONU alertam que entre 50 e 100 milhões de pessoas
podem abandonar suas casas temporária ou definitivamente
por problemas relacionados a questões ambientais nas
próximas décadas, tornando-se refugiados ambientais. Nesses
números estão incluídos grupos humanos, comunidades
inteiras que serão levadas a migrar em razão da poluição das
águas, de enchentes, do desgaste dos solos, do fim da
disponibilidade de peixes e da subida do nível dos oceanos. É
certo que essa situação exigirá~ uma legislação internacional,
uma vez que países e regiões inteiras vão ser evacuados, e os
refugiados poderão ser levados em circunstâncias
emergenciais a outros países.
A formação territorial do Brasil
Segundo o geógrafo Milton Santos, o território nacional é o
espaço de todos os habitantes de um dado Estado. Uma vez
usufruído pelos indivíduos, esse território constitui, em última
análise, o próprio e paço geográfico.
Entretanto, a construção do território se dá pela mediação
entre o mundo e o lugar onde, afinal, vivemos cotidianamente.
Por exemplo, a formação do território brasileiro, que hoje
abriga uma enorme quantidade de lugares, foi iniciada pela
colonização imposta pela metrópole portuguesa, no século
XVI.
A partir daí, diversas atividades econômicas passaram a
moldar o espaço geográfico brasileiro.
Com base nessas premissas, o espaço geográfico brasileiro
tem sido construído e reconstruído a todo instante, muitas
vezes em detrimento das reais necessidades de sua população.
Referências Bibliográficas:
TAMDJIAN, James Onning. Geografia: estudos para compreensão do espaço.
2ª edição. São Paulo: FTD.
Questões
01. (FGV-RJ) A partir da segunda metade do século
passado, a mobilização em torno do ambiente foi divulgada e
se consolidou por meio de estudos e das cúpulas, ou das
conferências internacionais.
Sobre essas conferências, pode-se afirmar:
I. A primeira grande conferência internacional convocada
especificamente para a discussão da problemática ambiental
ocorreu em Estocolmo, em 1972.
II. Na Rio-92, foram divulgadas as convenções sobre
Mudanças Climáticas e sobre Diversidade Biológica, que
figuram na agenda ambiental internacional.
III. Na Rio+20, que ocorreu no Rio de Janeiro, em 2012,
todos os países participantes ratificaram o novo Protocolo de
Kyoto, aderindo à nova ordem ambiental internacional.
Está correto o que se afirmar em
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
02. (UFPR) O Brasil sediou, no mês de junho de 2012, a
Conferência Rio+20, voltada às preocupações da relação entre
sociedade e natureza, entre desenvolvimento e meio ambiente.
Considerando as questões ambientais contemporâneas e os
fóruns internacionais de debates e decisões acerca da relação
entre meio ambiente e desenvolvimento das últimas décadas,
assinale a alternativa INCORRETA.
(A) A realização das grandes conferências mundiais sobre
meio ambiente e desenvolvimento evidencia que a resolução
dos problemas ambientais do planeta passa, essencialmente,
pela esfera política.
(B) As grandes conferências mundiais sobre meio
ambiente e desenvolvimento datam dos últimos quarenta
anos, aproximadamente, período no qual a degradação
ambiental passou a ameaçar o desenvolvimento econômico
mundial.
(C) Na conferência Rio+20, a principal divergência de
posições colocou em evidência o antagonismo entre os
defensores da economia verde e os defensores do
desenvolvimento ecologicamente sustentável.
(D) As convenções da Biodiversidade e das Mudanças
Climáticas Globais, associadas às convenções da Amazônia e da
Mata Atlântica (brasileiras), foram ratificadas pelos paísesmembros
da ONU na última década.
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 37
(E) O desenvolvimento sustentável, proposto pela
Comissão Brutland nos anos oitenta, constitui-se numa
perspectiva de reorientação da produção econômica moderna
considerando as bases ecológicas do planeta.
03. (FGV-RJ)
A próxima conferência internacional do clima, em Durban,
na África do Sul, centrará seu foco no destino do Protocolo de
Kyoto. [ ... ] Se não for renovado, expira em 2012. Durban é a
última oportunidade de salvar Kyoto. Sem ele, desaparece o
único acordo climático internacional que existe.
A decisão tem dia marcado: 9 de dezembro. É quando
termina a Cop-17, o encontro anual que reúne negociadores do
mundo todo para discutir um acordo climático internacional,
desta vez, na África do Sul.
<http://clippingmp.planejamento. gov. br/cadastroslnoticiasl2011 18/1 01
futuro-do-protocolo-de-kyoto-sera-prioridade-nacupula-doclima/?
searchterm=Clima20Kyoto>.
Sobre o Protocolo de Kyoto, mencionado na reportagem,
assinale a alternativa correta:
(A) Afirma o princípio da responsabilidade comum,
estabelecendo metas de redução obrigatória das emissões de
gases de efeito estufa para todos os países signatários.
(B) Não foi ratificado pelos Estados Unidos, um dos
maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo.
(C) Criou um sistema de comércio de créditos de carbono
válido apenas entre os países industrializados: o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo.
(D) Entrou em vigor em 2008, quando ocorreu a adesão de
dois países que figuram entre os maiores emissores de
poluentes: a índia e a China.
(E) Considera apenas os níveis atuais de emissão, eximindo
os países industrializados da responsabilidade sobre o
estoque de gases estufa presente na atmosfera.
4. (FGV-SP) Leia atentamente o texto a seguir:
As Nações Unidas estimam que, até 2026, dois terços da
população mundial sofrerão escassez, moderada ou severa, de
água. Essa situação tem sido interpretada corno resultante da
falta física de água doce para o atendimento da demanda das
populações da Terra. Entretanto, no plano geral, há água
suficiente no mundo ( ... ) para satisfazer as necessidades de
todos. De fato, este cenário de escassez significa que, no ano
2026, apenas um terço da humanidade deverá dispor de
dinheiro suficiente para pagar o serviço de abastecimento
d'água decente, isto é, com regularidade de fornecimento e
qualidade garantida da água.
Aldo Rebouças. O ambiente brasileiro: 500 anos de exploração. In: Wagner
Costa Ribeiro (Org.). Patrimônio Ambiental Brasileiro. Edusp.
Considerando os argumentos do texto, é correto afirmar
que:
(A) A "crise da água" resulta do elevado crescimento da
população dos países mais pobres.
(B) A "crise da água" não pode ser enfrentada com as
tecnologias disponíveis, por isso tende a se aprofundar.
(C) No cenário projetado pela ONU, a escassez de água
tenderá a se agravar devido à continuidade do processo de
urbanização.
(D) Fatores sociais e econômicos desempenham um papel
importante no problema da escassez de água.
(E) A água é um recurso natural renovável, portanto, a
escassez resulta apenas da distribuição desigual desse recurso
pela superfície da Terra.
5. (UespiPl) Um dos desastres ambientais mais
destacados, existentes na superfície terrestre, ocorreu no mar
de Aral, localizado entre o Uzbequistão e o Cazaquistão. Esse
corpo líquido ocupava uma área de aproximadamente 68.000
km2• Atualmente possui, segundo cálculos divulgados
internacionalmente, apenas 10 do volume de água que
continha.
O que explica esse fato?
a) O aquecimento global, que provocou o aumento
considerável da evaporação na região.
b) O desvio dos rios Amu e Syr para irrigar lavouras da ex-
URSS.
c) A transposição das águas do rio Volga para as áreas
secas da Europa Oriental.
d) A utilização maciça das águas para o consumo humano,
mediante a dessalinização intensa.
e) A alteração climática verificada na ex-URSS, durante as
décadas de 1950 e 1960, que acarretou mudança nos regimes
fluviais.
6. (UERJ) O acesso das populações a água potável é um dos
indicativos do nível de desenvolvimento e das condições de
vida das sociedades no mundo contemporâneo.
A associação adequada entre o espaço geográfico e dois
fatores que influenciam o percentual de acesso de sua
população a água potável está indicada em:
a) Austrália - alta renda per capita/regularidade do regime
de chuvas.
b) África Central - elevada mortalidade/insuficiência da
bacia hidrográfica.
c) América do Norte - política de inclusão
social/erradicação de agentes poluentes.
d) Europa Ocidental - estabilidade demográfica/qualidade
dos sistemas de saneamento.
07. (PRODAM/AM – Engenharia Elétrica – FUNCAB)
Usinas de geração hidroelétrica podem causar problemas
ambientais como:
(A) emissão de CO2.
(B) permitir o controle de inundações.
(C) permitir que os rios se tornem navegáveis.
(D) perda de um sistema natural de drenagem.
(E) dependência de fatores climáticos.
08. (Banco do Brasil – Escriturário – CESGRANRIO)
Para além do aquecimento global, o Secretário chama a
atenção para os atuais problemas ambientais relativos à
(A) cultura de massa.
(B) produção flexível.
(C) economia de mercado.
(D) ideologia ecológica.
(E) diversidade biológica.
Respostas
01. C/02. D/03. B/04. D/05. D/06. B/07. D/08. E
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 38
Aspectos da Geografia Física: Clima, vegetação,
hidrografia
Clima:
Situação geográfica:
A maior parte do território brasileiro (92%) localiza-se na
zona intertropical, sendo cortado, ao sul (SP, MS, PR), pelo
Trópico de Capricórnio. Nesta zona climática estão as maiores
médias térmicas do planeta. No entanto, deve-se lembrar que
o Brasil também é atravessado pelo Equador (AP, AM, RR, PA),
apresentando 93% de sua superfície no Hemisfério Sul, que se
caracteriza por um relativo equilíbrio entre massas
continentais e massas oceânicas, justificando temperaturas
mais amenas e maior umidade.
Classificação climática:
Segundo Lísia Bernardes, existem no Brasil cinco tipos
climáticos principais:
Equatorial:
Abrange a maior parte da Amazônia Brasileira. Apresenta
temperaturas elevadas o ano todo, pequena amplitude térmica
anual, chuvas abundantes e bem distribuídas durante o ano
todo (2.000 – 3.000 mm/ano);
Tropical:
Tipo climático predominante no Brasil (Centro-Oeste,
Meio-Norte, maior parte da Bahia e Agreste). Apresenta
temperaturas elevadas (verão 25ºC, inverno 21ºC), com duas
estações bem definidas: verão chuvoso e inverno seco;
Tropical de altitude:
Abrange o domínio de mares de morros no Sudeste (maior
parte de Minas Gerais e trechos do Espírito Santo, Rio de
Janeiro e São Paulo). É um clima mesotérmico, com
temperaturas amenas (verão 25ºC, inverno 18ºC) e com
chuvas concentradas no verão;
Semiárido:
Característico do Sertão Nordestino, abrangendo o Vale
Médio do São Francisco e norte de Minas Gerais, apresenta
temperaturas elevadas (superiores a 25ºC), chuvas escassas e
irregulares. Caracterizado pelas estiagens bem pronunciadas;
Subtropical:
Predominante na porção meridional do Brasil (parte de
São Paulo, Paraná, além de Santa Catarina e Rio Grande do Sul).
Mesotérmico, com temperaturas amenas, apresenta grande
amplitude térmica (verão 25ºC, inverno 15ºC) e chuvas
distribuídas regularmente durante o ano todo, sem estação
seca, com índices pluviométricos entre 1.700/1.900 mm/ano.
Paisagens Vegetais:
A distribuição dos vegetais na superfície terrestre está
intimamente relacionada com as caraterísticas climáticas de
cada lugar, havendo até quem afirme que a vegetação é o
reflexo do clima.
Assim, para analisar a distribuição das principais
formações vegetais brasileiras, é preciso considerar também
os diversos domínios climáticos existentes no país.
A vegetação brasileira:
Entre outras classificações de nossa vegetação, uma das
mais didáticas (proposta pela geógrafa Dora Amarante
Romariz) é a que identifica no Brasil quatro grandes
formações vegetais: florestais, complexas, campestres e
litorâneas).
Formações Florestais:
Segundo suas características, as formações florestais
classificam-se em dois tipos: latifoliadas e aciculifoliadas.
As latifoliadas caracterizam-se pela presença de árvores
que têm folhas largas e que se agrupam densamente. Quase
todas atingem grande altura e abrigam sob suas copas árvores
menores, arbustos e herbáceas. Distribuem-se amplamente no
Brasil, graças ao predomínio de climas quentes e úmidos.
As aciculifoliadas compõem-se de espécies com folhas
pontiagudas, adaptadas às baixas temperaturas. No Brasil,
ocorrem especialmente nas áreas mais elevadas da bacia do
Paraná, onde se verifica o clima subtropical, com verões
brandos.
Floresta latifoliada equatorial:
Também conhecia como Floresta Amazônica ou Hileia,
essa formação ocupa cerca de 40% do território brasileiro,
estendendo-se pela quase totalidade da região Norte, pela
porção setentrional de Mato Grosso e pela porção ocidental do
Maranhão.
Característica de clima quente e superúmido, é uma
floresta extremamente heterogênea e densa, apresentando-se
dividida em três estratos:
* igapó – corresponde à parte da floresta que se assenta
sobre o nível mais inferior da topografia, onde o solo está
permanentemente inundado. Sua principal área de ocorrência
é o baixo Amazonas;
* várzea – ocupa parte de média altitude do relevo, onde
as inundações são periódicas;
* terra firme – localiza-se na parte mais elevada do relvo,
livre das inundações, e por isso é o trecho mais desenvolvido e
exuberante da floresta.
Floresta latifoliada tropical:
Formação exuberante, bastante parecida com a floresta
equatorial. Heterogênea, intrincada e densa, aparece em
diferentes pontos do país onde há temperaturas elevadas e
alto teor de umidade.
No litoral, com o nome de Mata Atlântica, estendia-se do
Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, porém foi
intensamente devastada pela cultura canavieira desde o
período colonial, sobretudo na região Nordeste. No litoral
sudeste e sul, a presença da serra do Mar dificultou a ocupação
humana e a exploração florestal, mas vem ocorrendo
devastação, por causa das empresas madeireiras e da
construção de estradas; além disso, a vegetação é destruída
pela poluição industrial, como ocorreu em Cubatão, na Baixada
Santista.
No interior da região Sudeste, aparecia em quase toda a
área drenada pelo rio Paraná e seus afluentes, sendo por isso
denominada Mata da Bacia do Paraná. Com o avanço da cultura
cafeeira em São Paulo e Minas Gerais, no final do século XIX e
início do século passado, foi quase toda devastada, restando
4. GEOGRAFIA DO BRASIL
4.1. A natureza brasileira (relevo,
hidrografia, clima e vegetação).
4.2. A população: crescimento,
distribuição, estrutura e
movimentos. 4.3. As atividades
econômicas: industrialização e
urbanização, fontes de energia e
agropecuária. 4.4. Os impactos
ambientais
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 39
como vestígios, hoje, estreitas faixas de árvores que margeiam
os rios da região, denominadas matas galerias ou ciliares.
Mata dos Cocais:
Formação de transição, concentrada no Meio-Norte ou
Nordeste Ocidental (região composta pelos estados do
Maranhão e do Piauí), ladeada por climas opostos – o
equatorial superúmido a oeste e o semiárido a leste.
Na área um pouco mais úmida, que abrange o Maranhão, o
oeste do Piauí e o norte de Tocantins, é comum a ocorrência de
babaçu. Na área menos úmida, que abrange o leste do Piauí e
os litorais do Ceará e do Rio Grande do Norte, encontra-se a
carnaúba.
Floresta aciculifoliada subtropical:
A floresta aciculifoliada é uma formação típica do clima
subtropical, menos quente e úmido que o equatorial e o
tropical. Suas árvores têm folhas finas e alongadas (em forma
de agulha), o que evita a excessiva perda de umidade.
Relativamente homogênea, apresenta poucas variedades,
predominado a Araucária angustifólia ou pinheiro-do-paraná.
Estendia-se orginalmente do sul de São Paulo ao norte do
Rio Grande do Sul. Mas o fato de ser uma formação aberta
facilitou sua exploração intensa e não racional.
Formações Complexas:
As formações complexas correspondem aos domínios do
cerrado, da caatinga e do Pantanal, onde extratos arbóreos,
arbustivos e herbáceos convivem na paisagem:
O Cerrado:
Também denominado savana-do-brasil, o cerrado é a
segunda formação vegetal mais extensa do país. Ocupava
originariamente quase 25% do nosso território, mas vem se
reduzindo cada vez mais.
Típico de áreas de clima tropical com duas estações bem
marcadas – verão chuvoso e inverno seco -, aparece em quase
todo o Brasil Central, isto é, na Região Centro-Oeste e
arredores, como o sul do Pará e do Maranhão, o interior de
Tocantins, o oeste da Bahia e de Minas Gerais e o norte de São
Paulo.
Caracteriza-se pelo domínio de pequenas árvores e
arbustos bastante retorcidos, com casca grossa, geralmente
caducifólios (cujas folhas caem, impedindo o vegetal de perder
água) e com raízes profundas.
Sua origem é uma incógnita: alguns a atribuem ao clima
com alternância entre as estações úmida e seca durante o ano;
outros, ao solo extremamente ácido e pobre; outros, ainda, à
ação conjunta desses dois fatores. Além disso, deve-se levar
em conta a ação humana: certos tipos de cerrado resultam da
realização de queimadas sucessivas num mesmo local. Em
escala mais ampla, o aproveitamento econômico dos domínios
do cerrado vem destruindo a vegetação natural para a prática
da pecuária e da agricultura comercial mecanizada (cultivo de
soja).
A Caatinga:
A caatinga, formação típica do clima semiárido do sertão
nordestino, ocupa cerca de 11% do território brasileiro. É
composta por plantas xerófilas (como as cactáceas, com folhas
em espinhos), caducifólias e pela carnaubeira, cujas folhas se
recobrem de uma cera que evita a transpiração.
O principal uso econômico dos domínios da caatinga é a
agropecuária, que apresenta baixos rendimentos e afeta
negativamente o equilíbrio ecológico. Seria preciso adotar
técnicas de uso do solo mais racionais do que as empregadas
hoje e expandir a construção de açudes e de canais de
irrigação, para impedir uma provável desertificação, a médio
ou longo prazo, do já muito seco sertão nordestino.
O Pantanal:
O Pantanal, uma grande depressão localizada no interior
de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul, com altitude média
de 100m acima do nível do mar, tem uma porção inundável em
que apenas nas estiagens de inverno se desenvolve vegetação
– uma formação rasteira apropriada à prática da pecuária.
Na sua porção de alagamento eventual, à vegetação
rasteira misturam-se arbustos. Nas áreas altas, encontramos
espécies típicas dos cerrados, que, em alguns pontos mais
úmidos, misturam-se as espécies arbóreas da floresta tropical.
A economia tradicional do Pantanal sempre foi a pecuária,
praticada em harmonia com o ambiente, sem destruí-lo. Mais
recentemente, porém, a região tornou-se objeto de novas
formas de ocupação: envolvendo o investimento de grandes
capitais, a implantação da agricultura comercial, a utilização
de agrotóxicos e a construção de estradas, com a barragem das
águas realizada por pontes, têm ocasionado sérios
desequilíbrios ecológicos. Além desses problemas, surgiram
outros, como a caça ilegal de jacarés e a pesca predatória,
especialmente na piracema.
Formações Herbáceas:
As formações herbáceas – também denominadas
campestres -, compostas de vegetação rasteira, com gramíneas
e pequenos arbustos, são encontradas em todas as regiões
brasileiras e diferenciam-se de acordo com as características
climáticas e pedológicas (do solo) das áreas de ocorrência, que
são:
* os campos meridionais, destacando-se a Campanha
Gaúcha, no Rio Grande do Sul – onde se encontra a área de
gramíneas mais extensa e homogênea (denominada “campos
limpos”) – e os Campos de Vacaria, em Mato Grosso do Sul. A
pecuária é a atividade econômica mais comum nessas regiões;
* os campos da Hileia, que correspondem às áreas
inundáveis da Amazônia oriental, como o litoral do Amapá, a
ilha de Marajó e o Golfão Maranhense;
* os campos de altitude, na serra da Mantiqueira (no
Sudeste) e na região serrana dos Planaltos Residuais Norte-
Amazônicos, chamados Campos de Roraima (na Amazônia).
Formações Litorâneas:
As formações litorâneas estendem-se por toda a costa
brasileira e apresentam constituições variadas, condicionadas
ao tipo de solo e ao nível de umidade:
* nos mangues, há vegetais adaptados à intensa salinidade
e à falta de oxigenação do solo, em áreas alagadas
periodicamente pelas águas do mar. São arbustos misturados
a espécies arbóreas, quase sempre de tronco muito fino e
raízes aéreas. É nos mangues que se pratica a extração de
caranguejos como atividade econômica;
* nas restingas, misturam-se espécies herbáceas,
arbustivas e arbóreas, como a aroeira-de-praia e o cajueiro,
favorecendo a formação de dunas;
* nas dunas, são comuns vegetais rasteiros, com raízes
profundas e grande extensão horizontal, formando
verdadeiros cordões vegetais;
* nas praias, são comuns as espécies halófilas, que
proliferam em lugares ricos em sal, como a salsa-de-praia e o
jundu, vegetação arbóreo-arbustiva do litoral paulista.
A hidrografia brasileira
Um aspecto importante propiciado pelo relevo é o grande
potencial hidráulico existente no território brasileiro. Esse
fato ocorre porque 59% da superfície do nosso país situa-se
acima dos 200 metros de altitude, e essa imensa área é
percorrida por extensos rios de planalto.
O Brasil dispõe de 12% das reservas de água doce do
planeta. Toda essa água flui por uma vasta e densa rede
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 40
hidrográfica. Nela, é possível identificar as duas maiores bacias
hidrográficas do mundo: a Amazônica e a Platina.
Outro destaque é a maior bacia hidrográfica inteiramente
brasileira, a São-Franciscana, de grande importância
socioeconômica para o nosso país.
Bacias Hidrográficas do Brasil
Bacia Hidrográfica corresponde à área drenada por um
rio principal, seus afluentes e subafluentes, que formam, dessa
maneira, uma rede hidrográfica.
Subafluente é o rio que escoa suas águas para um afluente
do rio principal da bacia hidrográfica.
Os limites entre as bacias hidrográficas encontram-se nas
partes mais altas do relevo e são denominados divisores de
água, pois separam as águas de bacias. O declive entre o
divisor de água e o rio principal, por onde correm as águas dos
afluentes, chama-se vertente. As águas são depositadas no
leito do rio que, em época de cheia, pode transbordar para as
margens baixas e planas que o acompanham, que constituem
a sua várzea.
O Brasil dispõe de uma das mais densas redes
hidrográficas da Terra, que representam cerca de 14% das
reservas mundiais de água doce. No entanto, o abastecimento
das regiões mais desenvolvidas economicamente e mais
populosas muitas vezes fica comprometido, pois é cada vez
maior não só o consumo de água provocado pelo crescimento
populacional e urbano, como o de energia elétrica. Quando os
níveis dos reservatórios estão baixos, em decorrência da falta
de chuvas, as hidrelétricas limitam o fornecimento de água
para não faltar energia elétrica, o que tem provocado
racionamentos de água e até mesmo de energia.
Esses grandes centros urbanos também estão situados
distantes dos rios de maior navegabilidade, nos quais o
transporte fluvial poderia construir uma excelente alternativa
de transporte. No Sudeste, na bacia do Paraná – que cobre boa
parte dessa região – estão sendo feitos investimentos em obras
que viabilizem a navegação dos rios que cortam áreas
economicamente importantes.
De acordo com a classificação de relevo de Jurandyr Ross,
os principais dispersores de água das maiores bacias
brasileiras estão situados:
* na Cordilheira dos Andes, onde nascem os formadores do
rio Amazonas;
* nos Planaltos Norte-amazônicos, origem dos rios da
margem esquerda do rio Amazonas;
* no Planalto e na Chapada dos Parecis, que separam a
bacia Amazônica de rios da bacia Platina (rio Paraguai);
* nos Planaltos e nas Serras de Goiás-Minas e nos Planaltos
e nas Chapadas da Bacia do Parnaíba, que são divisores de
água das bacias do Tocantins e São Francisco;
* nos Planaltos e nas serras do Atlântico-Leste-Sudeste,
onde nascem o rio São Francisco, os rios formadores do Paraná
(Paranaíba e Grande) e os seus afluentes da margem esquerda.
De modo geral, os rios brasileiros recebem águas das
chuvas. Por isso, em sua maioria, são caracterizados pelo
regime pluvial.
Regime de um rio é a variação de água de um rio durante
um ano, a qual está relacionada à origem das suas águas.
Quando a variação do nível depende das chuvas, o regime é
pluvial, como, por exemplo, ocorre em todos os rios brasileiros.
Quando a variação depende de degelo, o regime é nival. O
Amazonas é considerado um ri ode regime misto, pois as águas
próximas à nascente dependem do degelo dos Andes, mas maior
parte é alimentada pelas chuvas abundantes da região
equatorial.
As principais Bacias Brasileiras
As quatro maiores bacias – Amazônica, Tocantins-Araguaia,
São Francisco e Platina (Paraná, Paraguai e Uruguai) – cobrem
mais de 80% do território brasileiro.
São principais Bacias Brasileiras:
* Bacia Amazônica;
* Bacia do Tocantins – Araguaia;
* Bacia do São Francisco;
*Bacia Platina;
* Bacia do Paraná;
* Bacia do Paraguai;
* Bacia do Uruguai.
As Bacias Secundárias:
As bacias secundárias reúnem um conjunto de bacias
localizadas nas proximidades do litoral; apresentam rios de
pequena extensão, geralmente com poucos afluentes. São
consideradas bacias secundárias:
* Bacias do Nordeste;
* Bacias do Leste;
* Bacias do Sudeste-Sul.
As Águas Subterrâneas e o Aquífero Guarani:
O subsolo do território brasileiro armazena grande
quantidade de água, inclusive sob as áreas semiáridas do
Nordeste.
As águas subterrâneas nem sempre são apropriadas para
consumo.
O volume das águas encontradas próximo à superfície, as
quais formam os lençóis freáticos, não só é pequeno como
pode estar contaminado. Essas águas, bastante exploradas,
podem conter toxinas oriundas tanto da agricultura como de
atividades industriais.
Os reservatórios subterrâneos, localizados a centenas de
metros de profundidade e que apresentam enorme volume de
água (centenas de milhares de Km³), são denominados
aquíferos. Esses aquíferos provavelmente não estão
contaminados.
No trecho odo subsolo brasileiro encontra-se parte do
maior aquífero do mundo – o Sistema Aquífero Guarani -,
localizado justamente numa das áreas de maior concentração
populacional e de maior consumo de água do país.
As águas desse aquífero também ocupam trechos do
subsolo da Argentina, do Paraguai e do Uruguai. Portanto, para
preservar esse imenso manancial de água doce e de boa
qualidade, é necessário implantar uma política conjunta de
exploração e de controle ambiental.
Questões
01. (MPOG – Geógrafo – CESPE/2015) O clima do Brasil,
fortemente influenciado pela intensidade de interferência das
massas de ar equatorial, tropical e polar, pode ser dividido em:
equatorial úmido, tropical seco e úmido, tropical seco,
litorâneo úmido e subtropical úmido. A maioria dos estados
brasileiros apresenta um ou dois tipos climáticos, com exceção
da Bahia que apresenta três tipos.
Com relação a essas classes climáticas do Brasil, julgue o
item que se segue.
No estado do Mato Grosso, predominam os climas
equatorial úmido e tropical seco e úmido.
(....) Certo (....) Errado
02. (MPOG – Geógrafo – CESPE/2015) O clima do Brasil,
fortemente influenciado pela intensidade de interferência das
massas de ar equatorial, tropical e polar, pode ser dividido em:
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 41
equatorial úmido, tropical seco e úmido, tropical seco,
litorâneo úmido e subtropical úmido. A maioria dos estados
brasileiros apresenta um ou dois tipos climáticos, com exceção
da Bahia que apresenta três tipos.
Com relação a essas classes climáticas do Brasil, julgue o
item que se segue.
O clima predominante no bioma Pantanal é o equatorial
úmido.
(....) Certo (....) Errado
03. (MPOG – Geógrafo – CESPE/2015) O clima do Brasil,
fortemente influenciado pela intensidade de interferência das
massas de ar equatorial, tropical e polar, pode ser dividido em:
equatorial úmido, tropical seco e úmido, tropical seco,
litorâneo úmido e subtropical úmido. A maioria dos estados
brasileiros apresenta um ou dois tipos climáticos, com exceção
da Bahia que apresenta três tipos.
Com relação a essas classes climáticas do Brasil, julgue o
item que se segue.
Na região litorânea brasileira, que se estende do Rio
Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, predomina o clima
litorâneo úmido, com chuvas denominadas orográficas, cujo
volume atinge médias anuais em torno de 1.500 mm.
(....) Certo (....) Errado
04. (TJ/PR – Titular de Serviços de Notas e de Registros
– IBFC) Acerca dos tipos climáticos do Brasil, assinale a opção
incorreta:
(A) São eles: clima equatorial, tropical, tropical litorâneo,
tropical de altitude, tropical semiárido e subtropical.
(B) O clima equatorial é encontrado em altas latitudes, nas
proximidades da linha do Equador, na região amazônica e se
caracteriza pelas elevadas temperaturas e alta amplitude
térmica.
(C) Friagem é a diminuição atípica da temperatura,
oriunda de Massa Polar Atlântica, fria e úmida, que se desloca
pela depressão do Chaco, entre a Cordilheira dos Andes e o
Planalto Central do Brasil, alcançando a região Norte do Brasil.
(D) O clima subtropical ou temperado ocorre ao sul do
Trópico de Capricórnio e sofre influência da massa Polar
Atlântica, com as quatro estações do ano bem definidas.
05. (Adaptada) Segundo uma organização mundial de
estudos ambientais, em 2025, “duas de cada três pessoas
viverão situações de carência de água, caso não haja mudanças
no padrão atual de consumo do produto”.
Uma alternativa adequada e viável para prevenir a
escassez, considerando-se a disponibilidade global, seria:
(A) Desenvolver processos de reutilização de água.
(B) Explorar leitos de água subterrânea.
(C) Ampliar a oferta de água, captando-a em outros rios.
(D) Captar águas pluviais.
(E) Importar água doce de outros estados.
Respostas
01. Correto/02. Errado/03. Errado/04. B/05. A
Referências Bibliográficas:
ANTUNES, Vera Lúcia da Costa. Geografia do Brasil: Quadro Natural e
Humano. Coleção Objetivo. Editora Sol.
GARCIA, Hélio Carlos; e GARAVELLO, Tito Márcio. Geografia do Brasil. 4ª
edição: Anglo.
LUCCI, Elian Alabi. Geografia Geral e do Brasil – Elian Alabi Lucci; Anselmo
Lazaro Branco; Cláudio Mendonça. 3ª ed. São Paulo: Saraiva.
TAMDJIAN, James Onnig. Geografia geral e do Brasil: estudos para
compreensão do espaço. São Paulo: FTD.
População Brasileira
A população brasileira nos dias atuais
Atualmente, a população estimada do Brasil é de um pouco
mais de 200 milhões de habitantes, número que o classifica
como o quinto país mais populoso do mundo.
Segundo dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao ano de 2014,
51,3% da população brasileira à época, era feminina. Já os
homens representavam 48,7% do total de habitantes.
Em relação à distribuição dos habitantes no território
brasileiro, pode-se dizer que é um reflexo do processo
histórico de povoamento durante o período colonial, uma vez
que há maior concentração nas regiões onde historicamente
houve maior desenvolvimento econômico.
A maior parte dos habitantes ainda se concentra nas áreas
próximas ao litoral, principalmente nas regiões Sul e Sudeste,
onde se localizam os maiores centros urbanos. O interior do
país, que envolve grande parte da região Centro-Oeste e,
sobretudo, Norte, continua sendo menos povoado.
As capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Bahia
e Fortaleza, são áreas de grande concentração populacional.
Desde a década de 1960, a maior parte da população brasileira
vive em zonas urbanas.
Dados de 2014 divulgados pelo IBGE indicam que cerca de
85,43% dos habitantes à época, moravam em zonas urbanas –
principalmente nas capitais de estados. Os 14,7% restantes
estavam distribuídos nas zonas rurais. As cidades são as
regiões mais povoadas devido à sua maior oferta de emprego.
O crescimento da população brasileira também está
vinculado aos variados fluxos migratórios ocorridos em
direção ao território brasileiro – os quais resultaram em
diferentes tipos de migração.
Entre o final do século XIX e o início do XX, a região Sudeste
do país, sobretudo a cidade de São Paulo, foi a que recebeu o
maior número de imigrantes. Esse fenômeno ocorreu graças
ao desenvolvimento econômico local, que possibilitou a
criação de mais ofertas de trabalho. As cidades de São Paulo e
do Rio de Janeiro receberiam, mais tarde, uma grande leva de
nordestinos, igualmente atraídos pelo mercado de trabalho da
região.
Devido ao seu processo histórico de povoamento da região
e à miscigenação, a população brasileira possui uma grande
diversidade étnica e cultural.
Segundo os dados do IBGE, a maioria da população
brasileira declara ser ou ter origem predominantemente
branca; logo em seguida, há aqueles que afirmam ser pardos,
ou seja, frutos de qualquer mistura envolvendo brancos,
indígenas ou negros. Em contrapartida, apenas 8,1% dos
entrevistados consideram-se negros, e 0,8%, amarelos (de
origem asiática) ou indígenas.
Em relação à distribuição populacional, pode-se dizer que
o perfil étnico-cultural dos habitantes varia
consideravelmente de região para região no país. Essas
diferenças estão diretamente relacionadas com os processos
de imigração e miscigenação que ocorreram nas diferentes
regiões brasileiras a partir do século XVI.
Na região Sul, por exemplo, a maior parte da população
(76,8%) afirma ser de cor branca, o que se deve em grande
parte à imigração europeia na região: portugueses e
espanhóis, durante o período colonial; e alemães e italianos, no
século XIX. Devido aos intensos fluxos migratórios que
recebeu ao longo da história, a região Sudeste é a que
apresenta maior diversidade em termos raciais. Desde o
século XVIII, com a descoberta do ouro em Minas Gerais, e
sobretudo no século XX, o Sudeste recebeu tantos estrangeiros
(europeus e asiáticos) como brasileiros de outras regiões
(principalmente nordestinos).
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 42
As regiões Norte e Nordeste são as que apresentam as
maiores taxas da população parda (70,2% e 62,5%,
respectivamente). No caso do Nordeste, a população parda de
destaca. No Norte, a maior parte da miscigenação ocorreu
entre brancos e indígenas, devido às características históricas
do povoamento na região.
O número de indígenas no Brasil é maior nas regiões Norte
e Centro-Oeste. Nesta última, a população é
predominantemente branca, parda também em função da
miscigenação entre brancos e indígenas, e, em menor escala,
indígena.
O crescimento da população nos séculos XX e XXI
O processo de desenvolvimento econômico e urbano
ocorrido no Brasil no século XX trouxe avanços que resultaram
no aumento significativo da expectativa de vida da população
brasileira e na redução das taxas de mortalidade. Esses
avanços estão relacionados tanto à medicina como às
infraestruturas urbanas, como saneamento básico e água
tratada, à maior produção de alimentos e à redução da
pobreza.
A redução das taxas de mortalidade no Brasil, associada ao
alto número de nascimentos ainda registrados no início do
século XX, provocou um grande aumento populacional. Porém,
a partir das décadas de 1940 e 1950, a população brasileira
passou a apresentar uma diminuição de suas taxas de
natalidade e de fecundidade, o que reduziu a sua taxa de
crescimento vegetativo.
A diminuição das taxas de natalidade observadas no Brasil
indica que a nossa população vem reduzindo o número de
filhos. Esse fenômeno, associado ao aumento da expectativa de
vida, tem provocado um envelhecimento da população
brasileira – uma vez que o número de jovens diminui e o
número de idosos aumenta.
A queda das taxas de natalidade no Brasil está relacionada
a uma série de transformações culturais e econômicas. Entre
elas, pode-se destacar a inserção das mulheres no mercado de
trabalho, o que fez que muitas delas optassem por ter filhos
mais tarde ou não tê-los. Da mesma forma, o elevado custo de
vida nas cidades, onde vive a maioria dos brasileiros, também
levou à queda na média de filhos por família.
A dinâmica demográfica do Brasil torna-se mais
compreensível a partir da análise de dois processos que a
compõem:
* Crescimento vertical, mais conhecido como
crescimento vegetativo;
* Crescimento horizontal, resultante dos fluxos
migratórios internacionais.
O comportamento das populações muda ao longo do
tempo, bem como o ritmo de sua dinâmica. Por isso, o estudo
da população sempre acompanha as mudanças históricas.
Geralmente, toma-se como ponto de partida o período
posterior à Segunda Guerra Mundial, quando profundas
transformações socioeconômicas afetaram o Brasil,
provocando grandes variações na dinâmica demográfica.
O Crescimento vegetativo de um país é o índice que
resulta da diferença entre a taxa de natalidade e a de
mortalidade observadas num determinado período. Pode
ser, portanto, positivo ou negativo.
O Crescimento horizontal de um país resulta da
diferença entre o total de imigrantes e o de emigrantes
registrada num dado período. Pode ser, também, positivo
ou negativo.
Envelhecimento Populacional e Previdência Social no
Brasil
No Brasil, o déficit da previdência aumenta a cada ano,
pois, se por um lado há um aumento da expectativa de vida da
população, por outro, há uma grande quantidade de
trabalhadores que não são contribuintes do sistema
previdenciário – em 2001, os não – contribuintes perfaziam
50% da população ocupada em alguma atividade econômica.
Mas a mudança na dinâmica demográfica, por si só, não
explica os problemas da previdência social.
O sistema permite alguns milhares de aposentadorias
extremamente elevadas ao lado de milhões de aposentadorias
miseráveis.
Além disso, a previdência foi fraudada durante décadas e
não são raros os casos de quadrilhas formadas no Brasil para
roubar o sistema previdenciário.
Questões
01. (Colégio Pedro II – Segmento do Ensino
Fundamental – Colégio Pedro II/2016) A pirâmide etária
representa a estrutura de uma população por gênero e por
idade. Observe as pirâmides etárias do Estado do Rio de
Janeiro em dois momentos distintos.
As alterações na base e no topo da pirâmide têm como
causa, respectivamente
(A) o aumento da natalidade e o aumento da expectativa de
vida.
(B) a queda de natalidade e o aumento da expectativa de
vida.
(C) o aumento da natalidade e a diminuição da expectativa
de vida.
(D) a queda da natalidade e a diminuição da expectativa de
vida.
02. (SEDU/ES – Professor de Geografia – FCC/2016)
Segundo relatório do IBGE, a taxa de mortalidade infantil
(TMI) de crianças entre 0 e 5 anos de idade era de 53,7 mortes
por mil nascidos vivos em 1990 e passou para 17,7 em 2011.
O relatório mostra que a queda mais significativa registrada da
mortalidade na infância ocorreu na faixa entre um e quatro
anos de idade.
A leitura do texto e os conhecimentos sobre a dinâmica
demográfica brasileira permitem afirmar que
(A) em 2011, o Brasil atingiu a meta de redução da TMI
prevista pelos Objetivos do Milênio estabelecidos pela ONU.
(B) a redução da TMI observada no período 1990-2011
teve grande influência no crescimento demográfico do país.
(C) ao longo do período 1990–2011 pôde-se constatar uma
relativa homogeneização das TMI em todas as regiões do país.
(D) a queda da TMI em duas décadas possibilitou ao Brasil
tornar-se o país com menores TMI em toda a América Latina.
(E) a diminuição da TMI produz inúmeras consequências,
dentre as quais o aumento da base da pirâmide etária do
Brasil.
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 43
03. (IBGE – Recenseador – CESGRANRIO) Com relação à
expectativa de vida dos brasileiros, os recenseamentos do
IBGE comprovam que, nos últimos anos, verificou-se
(A) retrocesso significativo.
(B) estagnação relativa.
(C) desaceleração abrupta.
(D) aumento progressivo.
04. (SEE/MG – Professor de Geografia – FCC) Observe o
gráfico.
Os dados do gráfico estão corretamente interpretados em:
(A) O excesso de população em relação à capacidade de
produção agrícola do território explica a projeção do IBGE
para a possível redução da população brasileira a partir de
2040.
(B) Fatores como a urbanização e a entrada da mulher no
mercado de trabalho ajudam a explicar a tendência na
dinâmica populacional brasileira de redução do crescimento
da população.
(C) As melhorias na economia brasileira a partir de 1990
explicam a aceleração do crescimento populacional, enquanto
se espera uma crise econômica a partir de 2040.
(D) O aumento da população brasileira desde a década de
1950, apesar da redução do crescimento vegetativo, é
explicado pela lenta, porém contínua, entrada de imigrantes
no País.
05. (IF/SE – Analista – IF/SE) O Brasil já ultrapassou a
etapa de elevado crescimento vegetativo e, sob o impacto da
urbanização, apresenta redução contínua das taxas de
natalidade. Essa dinâmica da sociedade brasileira tem
repercussões na estrutura etária e exerce influência sobre as
políticas públicas. A partir da reflexão sobre o texto e de seus
conhecimentos sobre a sociedade brasileira, aponte a
afirmativa correta:
(A) Atualmente, verifica-se na população brasileira um
gradual aumento das taxas de natalidade.
(B) A população brasileira é, hoje, predominantemente
urbana e a força de trabalho concentra-se no setor secundário
da economia.
(C) As habitações e o intenso favelamento das cidades
diminuíram em face das medidas governamentais preventivas
e das políticas públicas que favorecem a população mais
precária.
(D) Com relação às tendências do mercado de trabalho, no
Brasil, há uma redução expressiva do número de pessoas
ocupadas no mercado informal do trabalho.
(E) Umas das razões da mobilidade populacional brasileira
está na diferença de desenvolvimento econômico existente
entre as várias regiões do país.
Respostas
01. B/02. A/03. D/04. B/05.E
Industrialização no Brasil
O processo de industrialização intensificou e acelerou as
mudanças na organização espacial do mundo e do Brasil.
O processo de industrialização concentrou atividades
econômicas e população, acentuou processos poluidores,
desenvolveu tecnologias e novas formas de aproveitamento de
recursos naturais e intensificou a articulação entre os
diferentes países num grande mercado mundial. Esse processo
pode ser considerado, junto com a Revolução Agrícola do
Neolítico, a outra grande revolução pela qual passou a
sociedade humana.
Os tipos de indústria
A indústria moderna caracteriza-se pelo uso intensivo de
diversos tipos de máquinas, o que possibilita a produção de
mercadorias em grande escala, e pode ser classificada em:
→ Indústria de transformação: são as indústrias
responsáveis por transformar os bens naturais em matériasprimas
processadas. Elas produzem:
Bens duráveis: que são utilizados por bastante tempo,
como carros, eletrodomésticos, móveis;
Bens não duráveis: possuem uma vida útil relativamente
curta, como os alimentos e as peças de vestuário;
Bens intermediários para a indústria de base: tais
indústrias produzem manufaturas que virarão produtos em
outro setor industrial, por exemplo, a produção de aço para a
indústria siderúrgica.
→ Indústria de construção: responsável pela construção
de casas, edifícios, fábricas, aeroportos, estradas e outras
obras de engenharia.
→ Indústria de extração: refere-se àquelas indústrias que
retiram da natureza os bens que usamos em várias atividades
econômicas, sem que haja significativa mudança em suas
propriedades. Podem ser indústrias de extração vegetal, pesca
e mineração.
A industrialização brasileira
Até o século XIX não houve um desenvolvimento autônomo
do Brasil, pois o país estava atrelado aos interesses de
Portugal. Dessa forma, a industrialização brasileira, assim
como a urbanização, chegou tardiamente por aqui em
comparação à Europa.
Embora no começo do século (mais precisamente em
1808, quando a família real portuguesa instalou-se no Rio de
Janeiro – fugindo das Guerras Napoleônicas e tornando o
Brasil a sede do Império) D. João tenha começado a incentivar
a incipiente indústria brasileira, a concorrência com os
produtos ingleses e as barreiras impostas pelos proprietários
de terras imobilizaram esse setor por mais um tempo.
Por isso, até o começo do século XX, o país caracterizou-se
como um exportador de produtos primários. O café, além de
criar as condições econômicas necessárias para a indústria,
também forneceu as bases materiais para tal. Para exportar o
café, criou-se uma rede ferroviária importante, sobretudo nos
estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. Essa rede contribuiu
também para a expansão urbana. O café dominava o cenário
econômico, e as elites até então não tinham interesse ou não
possuíam condições econômicas suficientes para investir no
setor industrial.
A indústria só conseguiu desenvolver-se mais
efetivamente graças a três processos complementares:
→ Acumulação de capital: a indústria é um setor
econômico que necessita de demanda de investimento inicial
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 44
para investimento em maquinarias, na construção do espaço a
ser utilizado, entre outras coisas. O café foi o produto agrícola
que gerou esse capital necessário para a indústria se
desenvolver, sobretudo no Sudeste, onde a cidade de São Paulo
já funcionava como um espaço de gestão do mercado cafeeiro
e onde se concentrou a maioria dos investidores;
→ Mudanças nas relações de trabalho: em 1888 o
trabalho escravo finalmente tornou-se ilegal no Brasil, um dos
últimos países no mundo a promover o fim da escravidão. A
partir desse momento a migração foi incentivada para suprir a
demanda de trabalhadores no estado de São Paulo;
→ Aumento da capacidade de consumo interno: uma
vez assalariados, os trabalhadores passaram a ter a capacidade
de consumir os produtos que começaram a ser
industrializados no Brasil.
A crise mundial de abastecimento na primeira metade do
século XX, causada pelas Guerras Mundiais (a primeira entre
1914 e 1918, e a segunda entre 1939 e 1945), também
corroborou para que finalmente entrássemos na era
industrial. Como os países industriais estavam envolvidos no
conflito, coube ao Brasil começar a produzir produtos
próprios. Foi dessa forma, para substituir as importações, que
o Brasil diminuiu paulatinamente a vinda de produtos de fora
para começar a produção industrial em nosso território.
O primeiro setor que se desenvolveu foi o de bens de
consumo não duráveis, produzidos em um tipo de indústria
que não necessita de uma tecnologia muito complexa,
tampouco de grandes investimentos. Mas sua produção era
muito dependente de tecnologia e maquinaria produzidas
externamente.
O presidente Getúlio Vargas, que adotou uma política
nacionalista em seus governos (1930-1945 e 1951-1954),
criou as primeiras leis trabalhistas e buscou incentivar a
indústria brasileira, desistindo da busca de mão de obra
imigrante a fim de incentivar a contratação de brasileiros para
trabalhar nas indústrias do Brasil. Vargas criou indústrias de
base, como a Companhia Siderúrgica Nacional (1941),
responsável pela produção de aço, a então chamada
Companhia Vale do Rio Doce (1942), de exploração de
minérios, e a Petrobras (1953), que extrai petróleo e seus
derivados.
Posteriormente, no governo do presidente Juscelino
Kubitschek (1956-1961), foi criado o Plano de Metas, que
priorizou a indústria e o transporte em nível nacional, criando
uma malha rodoviária no país. Foi durante esse período que
São Paulo se confirmou como a região industrial por excelência
do país. Kubitschek orientou a maior parte dos projetos de
desenvolvimento industrial em São Paulo e também no Rio de
Janeiro e em Minas Gerais. Naquele momento, estes eram os
estados com as melhores condições nos setores elétrico e de
transportes e também que possuíam um mercado consumidor
promissor.
A indústria no território nacional
Por causa da própria experiência na economia cafeeira,
que criou condições materiais para o processo de
industrialização, a Região Sudeste, sobretudo o estado de São
Paulo, concentrou desde o começo as atividades industriais e
acabou polarizando economicamente o setor industrial e o de
serviços. Além disso, o Brasil não possuía até então uma
unidade territorial tão marcada, parecia mais uma espécie de
arquipélago, pois as regiões pouco se relacionavam
economicamente entre si.
Ao longo do século XX, a indústria tornou-se o carro-chefe
de nossa economia em nível nacional, tendo a cidade como seu
par espacial. A partir dos anos 1950, por causa da emergente
indústria automobilística, a rodovia substituiu a ferrovia como
meio preponderante de circulação de mercadorias e pessoas.
Devido ao interesse das grandes empresas, e com o auxílio do
Estado, expandiu-se a lógica do automóvel.
As rodovias foram direcionadas sobretudo para o interior,
mesma concepção de construção de Brasília, que era a de
acabar com o cenário de “Brasil arquipélago”. As rodovias
tiveram um papel importante nesse movimento junto à
indústria, a qual, embora concentrada no Sudeste, possuía o
mercado consumidor em todo território.
Na metrópole de São Paulo, principalmente na região do
“ABCD paulista” (Santo André, São Bernardo, São Caetano e
Diadema), encontramos o paradigma dessa concentração
industrial naquele estado do Sudeste. Ali estavam as maiores
indústrias automobilísticas de todo o país. Ao redor dessas
indústrias, gravitam outras que se concentraram também ali
para abastece-las: borracha, plásticos, vidros, peças, etc.
O Sudeste, ao longo do século XX, exerceu uma posição de
dominância econômica pela capacidade de polarizar a
indústria e os serviços em torno dela. Por isso, passou a
abastecer o mercado das outras regiões brasileiras, que
também fornecem matéria-prima e mão-de-obra. Nos anos
1970, durante a ditadura militar (1964-1958), foram criados
diversos órgãos de desenvolvimento econômico regional –
Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam);
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene);
Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste
(Sudeco); e Superintendência da Zona Franca de Manaus
(Suframa), que tinham a intenção de diversificar a produção
espacial industrial do país.
Contudo, desde a década de 1990 vem ocorrendo um
processo chamado de “desconcentração industrial”, que se
refere ao deslocamento de empresas em direção a outros
estados do país, motivadas pelo aumento dos preços do
terreno, congestionamento, impostos e outras características
que encarecem e dificultam a produção nas tradicionais
cidades industriais brasileiras. As cidades e os estados que
recebem essas indústrias, por sua vez, oferecem vantagens
para atraí-las, que vão desde isenções de pagamento de
impostos até a construção de obras de infraestrutura.
Porém, mesmo com esse movimento de desconcentração
industrial, o Sudeste continua despontando como a região que
polariza esse setor.
Regiões Industriais do Brasil: regiões tradicionais e
descentralização industrial
As indústrias, ao se instalarem em determinados lugares,
consideravam estrategicamente a presença ou proximidade
dos seguintes elementos:
* mercado consumidor;
* disponibilidade de matérias-primas;
* oferta de energia;
* custos com transportes;
* mão de obra.
Esses elementos determinaram, durante muito tempo, a
localização espacial das indústrias. Desse modo, a presença
desses elementos na região Sudeste, especialmente em São
Paulo, favoreceu um processo de concentração espacial das
atividades industriais no Brasil.
Apesar de as indústrias brasileiras se concentrarem na
Região Sudeste, especialmente no estado de São Paulo, devese
considerar que existem diversas regiões industriais no
Brasil.
Áreas industriais tradicionais
Áreas industriais tradicionais são aquelas caracterizadas
por um processo mais antigo de industrialização, assentando
no padrão fordista-taylorista de produção.
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 45
Esse modelo de produção na indústria pode ser
caracterizado, de modo geral, por:
* economia de escala;
* produção estandardizada;
* competição via preços;
* existência de um mercado de consumo de massas;
* combinação entre a utilização de equipamentos
automatizados e trabalhadores não qualificados;
* divisão e especialização do trabalho;
* separação entre a concepção e a execução das tarefas.
A partir das mudanças e novas demandas do processo
produtivo, as áreas industriais baseadas nesse modelo
sofreram profundos impactos econômicos e sociais. Esse
processo, denominado genericamente desindustrialização,
caracterizou-se pelo fechamento e/ou deslocamento das
indústrias para outras áreas, atraídas por maiores
possibilidades de realização de lucros. Um exemplo
mundialmente conhecido desse processo é a cidade de Detroit,
nos Estados Unidos, que, a partir da década de 1980, assistiu
ao fechamento de inúmeras empresas e ao aumento do
desemprego em massa.
A região Sudeste representa uma das regiões do Brasil de
mais antiga e intensa industrialização.
Suas principais regiões industriais são centros
polindustriais, na medida em que nessas cidade encontramos
praticamente todos os ramos da indústria.
A principal área industrial concentra-se no estado de São
Paulo, inicialmente na cidade de São Paulo e no ABCD, região
composta pelas cidades de Santo André, São Bernardo do
Campo, São Caetano do Sul e Diadema. A partir das décadas de
1980-90, as indústrias localizadas na região metropolitana de
São Paulo assistiram a um crescente deslocamento rumo ao
interior do Estado, utilizando os principais eixos viários como
os sistemas Anchieta-Imigrantes, Anhanguera-Bandeirantes e
a Rodovia Dutra.
Historicamente, o estado de São Paulo também concentrou
a indústria automobilística instalada no Brasil até a década de
1970. A partir de então, essa indústria passou a se deslocar
para outros estados. São exemplos dessas transferências da
indústria automobilística:
* a implantação da fábrica da Fiat, em Minas Gerais, na
década de 1970;
* a implantação dos parques industriais da Renault e da
Audi/VW, na década de 1990, no Paraná;
* a implantação da Ford em Camaçari, na Bahia, em 2001.
Região Sul
A industrialização da Região Sul associa-se à sua produção
agropecuária, à influência da imigração europeia e à
proximidade com a principal área industrial do Brasil – São
Paulo. Destacam-se indústrias metalúrgicas, têxtis, de material
mecânico e transporte, automobilísticas, alimentícias, de
bebidas, calçados, madeiras e móveis.
As principais regiões industriais do Sul são:
Porto Alegre, Caxias do Sul, Garibaldi, Bento Gonçalves, São
Leopoldo e Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.
Blumenau, Brusque (Vale do Itajaí), Joinville, Criciúma e
Siderópolis (zona Carbonífera), em Santa Catarina.
Curitiba, no Paraná.
Região Nordeste
O processo de industrialização da região Nordeste é
associado à ação da Sudene (Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste, criada em 1959). Entre as
ações da Sudene para impulsionar a industrialização dessa
região, podemos citar:
* doação de terrenos;
* concessão de empréstimos a juros muito baixos;
* isenção de impostos;
* concessão de subsídios à produção.
Associada à Sudene, destaca-se a criação da CHESF
(Companhia Hidrelétrica do São Francisco), que, ao elevar a
oferta de energia para a região, tornou-se também fator de
atração das empresas.
As principais regiões industriais do Nordeste são:
Salvador, Polo Petroquímico de Camaçari e Distrito
Industrial de Aratu, na Bahia;
Recife e os Distritos Industriais de Cabo e Paulista, em
Pernambuco;
Fortaleza, no Ceará.
Região Norte
O processo de industrialização dessa região associa-se à
ação da SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da
Amazônia), e, sobretudo, da SUFRAMA (Superintendência da
Zona Franca de Manaus).
Nessa região, existem indústrias de produtos
eletroeletrônicos, atraídas por benefícios como isenção de
impostos, concessão de subsídios, doação de terrenos. Em
termos de áreas industriais, o destaque é para a Zona Franca
de Manaus no Amazonas e para o polo extrativo-mineral de
Carajás, no Pará, implantado para explorar as ricas jazidas
minerais dessa região.
Região Centro-Oeste
Nessa região, predominam indústrias ligadas ao
beneficiamento da produção agropecuária, como empresas
alimentícias, de bebidas, têxteis e calçadistas. As principais
áreas industriais localizam-se próximas às cidades de Goiânia,
Brasília, Anápolis, Corumbá e Campo Grande.
Desconcentração industrial
A partir do final da década de 1980, com progressiva
abertura da economia brasileira e profundas transformações
nos processos produtivos nas empresas, genericamente
denominados “toyotismo”, as indústrias procuraram
reordenar os padrões de localização espacial, tendo por
pressupostos:
* a proximidade ou facilidade do escoamento da produção,
em detrimento da localização dos recursos;
* a crescente utilização de tecnologia, exigindo mão de
obra cada vez mais qualificada, o que levou as empresas a
buscarem proximidades com centros produtores de ciência
em detrimento do excedente de mão de obra pouco
qualificada;
* o deslocamento de empresas intensivas em mão de obra
para áreas cada vez mais periféricas e com legislações
trabalhista e ambiental cada vez mais flexíveis.
Tal processo é genericamente conhecido como
“desconcentração industrial”.
Nesse caso, não necessariamente o “cérebro” da empresa
se desloca. O deslocamento ocorre nas linhas de produção,
sendo que as decisões mais importante e os lucros
permanecem concentrados em outro lugar, geralmente um
centro financeiro mais importante.
Reconcentração espacial
A partir de meados da década de 1990, o processo de
desconcentração industrial tendeu a diminuir ou mesmo
reverter seu fluxo rumo a uma reconcentração espacial nas
regiões mais ricas e industrializadas do Brasil (Sudeste e Sul).
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 46
Entre as causas desse processo de reconcentração,
podemos citar:
* novos requisitos locacionais da acumulação flexível
(“toyotismo”);
* melhor oferta de recursos humanos qualificados nas
regiões de industrialização mais antiga;
* maior proximidade com os centros de produção do
conhecimento e de tecnologia;
* maior e mais eficiente dotação de infraestrutura;
* mudanças tecnológicas que reduzem os custos de
investimento;
* abertura comercial, favorecendo “focos exportadores”;
* a criação do Mercosul, que reforça a tendência a arrastar
o crescimento industrial para as regiões Sul e Sudeste.
Desse modo, configura-se uma nova espacialização da
indústria brasileira dentro de um polígono que envolve as
cidades de Belo Horizonte (MG), Uberlândia (MG), Maringá
(PR), Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC) e Curitiba (PR),
fechando-se novamente em Belo Horizonte (MG). Os processos
de concentração e desconcentração espacial (e industrial)
demonstram o caráter seletivo dos investimentos industriais,
que privilegiam alguns espaços específicos nas regiões
brasileiras.
Atualmente, a tendência é de que os investimentos mais
dinâmicos se concentrem nas regiões onde se iniciou e se
consolidou a atividade industrial brasileira (Sudeste e Sul).
As metrópoles globais (São Paulo e Rio de Janeiro) também
têm suas principais funções modificadas: de centros
industriais, especializam-se cada vez mais em atividades do
setor terciário (serviços), na área financeira e no
desenvolvimento de novas tecnologias. Desse modo, as
indústrias estratégicas atuais continuam a concentrar-se
nessas metrópoles, assim como a sede das empresas, o
mercado financeiro e o setor de serviços.
Aquelas indústrias mais leves, que exigem menores
investimentos e utilizam muita mão de obra (em vez de muita
tecnologia), e que, portanto, apresentam um custo menor,
tendem, por sua vez, a se concentrar em regiões de menor
nível de desenvolvimento e custo de mão de obra (como o
Nordeste, o Norte e o Centro-Oeste).
Outra diferença desse processo em relação à concentração
anterior (das décadas de 1950 a 70) refere-se à atração
locacional exercida por cidades de porte médio (em torno de
100 mil habitantes), especialmente por aquelas cidades
localizadas próximas a eixos de transportes (portanto, com
boas condições de acesso), em vez da concentração industrial
nas metrópoles.
Além dessa reconcentração espacial da indústria, observase,
no Brasil, uma tendência à constituição de clusters (ou
aglomerados industriais).
Portanto, a formação de clusters parece ser uma outra
tendência da economia brasileira. Exemplos de clusters em
alguns estados brasileiros:
* a indústria do mobiliário em Votuporanga, São Paulo;
* a indústria de joias em Limeira, São Paulo;
* a produção de artefatos de couros e calçados em Franca,
São Paulo;
* produção de móveis em Uberlândia, Minas Gerais;
* indústrias de software em Campina Grande, Paraíba;
* indústrias de software em Juiz de Fora, Minas Gerais, cuja
especialização está nos aplicativos para o setor de
agronegócios;
* indústrias de software em Fortaleza, Ceará;
* indústrias de software em Petrópolis, Rio de Janeiro;
* indústrias de software em Pato Branco, Paraná, em que se
destacam os produtos para apoio, avaliação e terapia de fala e
linguagem; gestão e avaliação de escolas de idiomas; software
educacionais multimídia;
* empresas de informática em Ilhéus, na Bahia.
Impactos ambientais do modelo urbano-industrial
As cidades estão cada vez mais cheias de pessoas, e o
fenômeno urbano expande-se em direção ao mundo rural de
maneira massiva. Todos nós estamos cercados desses
produtos criados por indústrias, e muitas vezes não temos
dimensão de todo o processo que ocorreu até eles chegarem
em nossas mãos. A seguir veremos alguns desses impactos
ambientais em decorrência do modelo urbano-industrial
brasileiro.
Poluição das águas
Um dos grandes problemas das cidades brasileiras na
atualidade é a poluição das águas pelos dejetos domésticos e
industriais. Muitas nem sequer contam com uma rede de
coleta e tratamento de esgoto, o qual é jogado diretamente nos
rios e mares, ocasionando a extinção de muitas espécies
animais e vegetais, além de oferecer muito risco para a saúde
das pessoas.
Além disso, há um histórico de acidentes ambientais
envolvendo indústrias. A indústria petroleira é uma delas. A
mineração é outra grande poluidora; o mercúrio que é usado
no processo de separação do ouro é jogado nos rios e é muito
prejudicial para a vida humana e aquática.
Poluição atmosférica
As fumaças liberadas pelos carros e pelas indústrias
afetam em nível local a saúde das pessoas, dificultando a
respiração e causando doenças respiratórias. Além disso, há
indícios de que esse tipo de poluição afeta o efeito estufa. Nas
cidades, também há formação de ilhas de calor. A retirada de
vegetação, somada à concentração de concreto, asfalto, vidros,
metais e poluentes, faz que a temperatura média das cidades
seja maior em comparação ao meio rural, porque os
componentes dos poluentes atmosféricos possuem a
capacidade de reter o calor.
As chuvas em geral são ácidas, mas a concentração de
poluentes na atmosfera das cidades, quando combinada com o
oxigênio, produz uma chuva capaz de danificar construções
pela corrosão, além de oferecer perigo à saúde e contaminar
rios e lagos.
Poluição sonora e visual
O ritmo frenético da vida nas cidades grandes e nas
metrópoles, sobretudo nas áreas comerciais e grandes
avenidas, gera muito ruído, o que aumenta o estresse e afeta a
sensação de bem-estar da população. Além disso, a quantidade
de informações e propagandas espalhadas ao redor também
prejudica a qualidade de vida da população.
O direito à cidade
Assim como gera impactos ambientais, o modelo discutido
acima também possui uma dimensão social, baseada na
economia. A forma como são estruturadas as cidades tem
como objetivo tornar o modelo produtivo economicamente
vantajoso, capaz de gerar cada vez mais lucros, a fim de que as
pessoas continuem consumindo cada vez mais.
Porém, esse modelo está se mostrando ecológica e
socialmente insustentável. As cidades são os lugares onde se
concentra a maior parte da população, formando moradias
precárias e favelas, que não possuem um adequado sistema de
esgoto e água e são construídas em lugares pouco seguros.
Contudo, o poder público não dá conta de oferecer
satisfatoriamente os serviços básicos para toda a população:
hospitais, educação, lazer, cultura, saneamento básico,
moradia, transporte, lixo, pavimentação, segurança, entre
outros.
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 47
Referências Bibliográficas:
FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora
AJS, 2015.
MARTINI, Alice de. Geografia. Alice de Martini, Rogata Soares Del Gaudio.
3ª edição. São Paulo: IBEP, 2013.
Questões
01. (TJ/SC – Analista Jurídico – TJ/SC) Sobre o espaço
econômico brasileiro, suas características e o processo
industrial do Brasil, todas as alternativas abaixo estão
corretas, EXCETO:
(A) Dentre os fatores responsáveis pela concentração
industrial na região Sudeste, podemos afirmar que a região foi
se organizando como área de atração da população e de
capital, tornando-se região concentradora de riquezas. O
mercado consumidor que aí se formou, o desenvolvimento do
sistema rodoviário, os recursos naturais favoráveis e a
imigração contribuíram para a concentração industrial nesta
região.
(B) São Paulo concentra a maior parte da produção
industrial do país, cujas raízes encontram-se nas etapas
iniciais do processo da industrialização do Brasil. Mas, nos
últimos anos, a participação relativa do Estado começa a
diminuir, o que reflete o início do processo de dispersão
industrial espacial, no país.
(C) O processo industrial brasileiro se firmou nos anos 70,
os anos do “milagre brasileiro”, baseado em um tripé,
representado pela forte participação do capital estatal, pelos
grandes conglomerados transnacionais e um mercado
consumidor em ascensão.
(D) Uma das características do processo industrial atual do
Brasil, corresponde à forte dispersão financeira das empresas
e à grande concentração espacial.
(E) Uma das influências diretas da inserção do Brasil nos
mercados globais é a disseminação no território brasileiro dos
polos tecnológicos próximos de centros universitários e de
pesquisas.
02. (Prefeitura de Nilópolis/RJ – Professor de
Geografia – FUNCEFET) A industrialização promove a
concentração espacial da riqueza e dos recursos financeiros e
produtivos. Em certo ponto do desenvolvimento econômico, a
tendência de concentração espacial da indústria arrefece e dá
lugar a movimentos de desconcentração.
Assinale a alternativa que indica os movimentos geradores
de desconcentração industrial no Brasil.
(A) Evolução das tecnologias, infraestrutura de
transportes e comunicações
(B) Escassez de mão de obra e poluição
(C) Segregação espacial e ação dos movimentos sociais
(D) Concentração de infraestrutura e poluição
03. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) A partir
de meados da década de 90 do século passado, a denominada
guerra fiscal entre os estados brasileiros intensificou-se. A
abertura econômica atraía, então, novos fluxos externos de
investimentos industriais para o país e estimulava a guerra
dos lugares.
A respeito desse assunto, julgue (C ou E) o item que se
segue.
O processo de desconcentração regional da indústria
brasileira favorece o prolongamento da disputa entre as
unidades federativas com base na renúncia fiscal.
(....) Certo (....) Errado
04. (Petrobras – Profissional Júnior –
CESGRANRIO/2015) Como tantos outros países periféricos, o
Brasil era exportador de matérias-primas e importador de
produtos manufaturados. Há um momento em que o minério
de ferro do Brasil impressiona os técnicos das indústrias
siderúrgicas da Europa e dos Estados Unidos, mas o Brasil
importa até as grades de ferro que cercarão as árvores da
recém-aberta Avenida Central, no Rio.
Nessas poucas palavras, sobre a coação da história a
estrangular o futuro dos países como o Brasil, encerra-se toda
a política econômica da Revolução de 30, do presidente que a
levou ao poder e de toda a Era Vargas: fazer do Brasil um país
que transforme em aço o ferro de seu subsolo, que explore seu
petróleo e suas fontes de energia elétrica, que produza
tratores, caminhões, automóveis e até aviões, um país não
mais vítima, mas protagonista e criador de seu futuro.
RIBEIRO, José Augusto. A Era Vargas, o suicídio e o
petróleo. Revista Caros Amigos, São Paulo, n.209, p.41, ago.
2014.
Com base no texto, é possível associar a realidade
socioeconômica e a política brasileira da Era Vargas
(A) à expansão da agroindústria
(B) à opção pelo neoliberalismo
(C) ao modelo de substituição de importações
(D) ao processo produtivo de acumulação flexível
(E) às privatizações no setor de produção de energia
Respostas
01. D/02. A/05. Certo/08. C
A urbanização brasileira
De maneira geral, podemos afirmar que a cidade é um
aglomerado de construções e pessoas, a sede do município e o
lugar onde se localizam as casas do poder político. A
urbanização, por outro lado, refere-se ao surgimento de novas
cidades e à expansão física e em números demográficos das
cidades existentes.
No Brasil, a migração, a industrialização e o crescimento
populacional relacionam-se direta ou indiretamente com o
crescimento urbano, que, por sua vez, multiplica o fluxo de
mercadorias, de pessoas e de informações.
As primeiras cidades brasileiras
A origem das primeiras cidades está ligada às atividades
relacionadas à exploração dos produtos das terras brasileiras
e ao envio destes para a metrópole europeia, Portugal.
Localizavam-se na faixa litorânea e tiveram, portanto, a função
de posto comercial e de defesa militar.
Além disso, as características naturais também foram um
ponto de extrema importância para escolher onde ficaria o
sítio urbano a ser desenvolvido. O acesso à água, por exemplo,
funcionou como um fator de decisão de onde se instalaria a
cidade.
São Vicente (SP), foi a primeira vila a ser formada, na costa
do que hoje é o Estado de São Paulo. Foi criada por Martim
Afonso de Souza em 1532, que lá construiu um pelourinho,
uma câmara e uma igreja, e em 22 de agosto do mesmo ano,
realizou as primeiras eleições de toda América Latina.
A primeira capital brasileira foi Salvador, escolhida para
ser a sede da Colônia. A baía de seu litoral, Baía de Todos os
Santos, facilitava a exportação de cana-de-açúcar e pau-brasil,
que eram os principais produtos de interesse português
naquele momento. A baía servia também como ponto de apoio
para navegações rumo à África e à Ásia, pois era
estrategicamente um porto seguro para as embarcações
portuguesas.
O modelo agroexportador foi predominante em todo o
período colonial e influenciou a configuração territorial, a
urbanização e a mentalidade da sociedade daquela época. A
lógica da plantation era tão forte que a burguesia brasileira
naquela época era rural e morava junto a suas plantações.
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 48
Embora tivesse negócios e propriedades nas cidades, seu
poder político e econômico era baseado nesse modelo.
Os poderes políticos eram dominados pela oligarquia
agrária, que morava em suas fazendas (as casas grandes, os
engenhos e as senzalas conformavam esses espaços), e as
cidades eram habitadas, majoritariamente, por servidores
públicos, artesãos, mercadores, etc.
As cidades coloniais, de maneira geral, não foram
planejadas, seus traçados não obedeciam a lógica alguma e seu
crescimento deu-se de maneira desordenada, ao ritmo da
própria pulsação populacional, subindo os morros e descendo
as vertentes.
Embora já existisse uma relativa ocupação no interior do
país, somente com a crise do modelo agroexportador – por
causa da concorrência com a produção de cana-de-açúcar nas
Antilhas (na América Central) – que a exploração de metais
preciosos ganhou força para suprir a demanda financeira
exigida pela metrópole. Dessa forma, a exploração de ouro e
prata tornou-se a principal fonte econômica lusitana na
Colônia a partir do final do século XVII, o que motivou também
a ocupação do interior. A ocupação, que era mais efetiva na
Zona da Mata e no Agreste baiano, onde ocorria a maior parte
da produção de cana-de-açúcar, foi reorientada em direção ao
interior, onde havia as maiores jazidas de pedras preciosas:
Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
As cidades criadas na época da mineração esbanjavam
riqueza em sua arquitetura. No século XVIII foram o epicentro
da vida social do país, motivando muitas migrações de gente
vinda de Portugal e de diversas localidades da atual região
Nordeste. A predominância de morros em seu relevo
dificultava a produção agrícola. O abastecimento de alimentos
era realizado por tropeiros que viajavam levando mercadorias
de uma cidade a outra. Esse comércio também foi motivador
para a criação de cidades e vilas em torno dos corredores de
passagem das tropas que vinham do Sul.
O esgotamento das jazidas levou à decadência das cidades
que viviam dessa economia. De maneira geral, a ocupação
territorial na Colônia possuiu essa característica de
desenvolvimento econômico baseado na exploração até o
limite. Assim, quando os recursos naturais se esgotavam ou
quando o mercado entrava em crise, tais regiões entravam em
decadência.
As cidades que tiveram maior continuidade econômica,
portanto, foram aquelas cuja função estava ligada ao porto,
como Salvador e Rio de Janeiro. A última foi elevada à capital
do Império em 1763, permanecendo até 1960, quando a
capital da República foi transferida para Brasília.
Com o esgotamento da economia mineradora, o café
despontou como a base da economia brasileira até o século XX,
quando a indústria começou a deslanchar. Nesse período,
concomitante ao ciclo do café, a exploração da borracha
destacou-se economicamente, incentivando a relativa
ocupação e urbanização das maiores cidades amazônicas:
Belém do Pará (PA) e Manaus (AM).
A predominância da população nas áreas rurais até
durante o século XIX no Brasil pode ser explicada pela
economia baseada nas produções agrícolas, que fixava os
trabalhadores (escravos até 1888 e imigrantes livres) no
campo, junto à área produtiva. A economia cafeeira do início
do século XX propiciou o suficiente acúmulo econômico para
gerar a industrialização em nosso país. Essa nova economia,
por concentrar-se na cidade, foi responsável por uma virada
populacional. Dessa forma, a urbanização brasileira é recente,
tendo sido mais incentivada e desenvolvida ao longo do século
XX.
O crescimento das cidades
Foi somente no século XX que o crescimento urbano se
intensificou no Brasil. Motivada pela crescente indústria no
começo do século, sobretudo no eixo Rio-São Paulo, a
população urbana superou a rural na década de 1970. A cidade
que mais representou esse processo no país é São Paulo, pois
foi a que mais migrantes recebeu e a que mais cresceu, sendo
hoje a maior do país.
Esse aumento da população urbana deve-se muito às
migrações de pessoas que viviam no campo em direção à
cidade, em busca de oportunidades. Por conta do histórico
agroexportador brasileiro, da concentração fundiária e da
mecanização, a vida no campo se tornou difícil para os
trabalhadores que não tiveram acesso à propriedade privada
da terra, que se generalizou sobretudo com a Lei de Terras de
1850.
O crescimento das cidades no século XX não foi
acompanhado por um planejamento eficiente por parte do
Estado, o que resultou em diversos problemas de organização
urbana nas grandes cidades brasileiras.
As metrópoles brasileiras
O que caracteriza as metrópoles brasileiras é, antes de
mais nada, seu processo histórico de formação. Desde o
período da colonização até hoje, as principais cidades
cresceram em regiões próximas ao litoral, locais por onde as
mercadorias produzidas eram exportadas e as mercadorias
estrangeiras chegavam ao Brasil. Nestas cidades de
concentravam as funções administrativas e políticas.
O desenvolvimento econômico e político do país reforçou
essa configuração territorial, ainda que a ocupação tenha se
expandido para o interior. A maioria das metrópoles
brasileiras se localiza na faixa a menos de 200 quilômetros do
litoral, como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Porto
Alegre, etc.
O conceito que utilizaremos para definir o que é uma
metrópole refere-se a cidades que são centros de decisão
política e econômica, em constante relação e interdependência
com as regiões em seu entorno. As metrópoles garantem uma
articulação desde a escala regional até a global e, de acordo
com sua área de influência e redes urbanas estabelecidas,
essas cidades podem apresentar diferentes funções no cenário
nacional.
Vejamos a cidade de Goiânia. Ela é considerada uma
metrópole regional que interfere na organização socioespacial
do Centro-Oeste brasileiro por ser polo de decisões
administrativas e econômicas regionais e por atrair pessoas
em busca tanto de melhores salários e qualidade de vida
quanto de serviços especializados.
Enquanto isso, Porto Alegre, além de abarcas as
características de uma metrópole regional, oferece uma
estrutura mais complexa de equipamentos públicos, serviços e
universidades, o que permite caracteriza-la como metrópole
nacional.
Já São Paulo e Rio de Janeiro são metrópoles globais que
possuem uma dinâmica socioespacial capaz de concentrar
grande número de sedes de empresas multinacionais e de
grandes bancos, além de universidades e os principais polos
tecnológicos industriais do país. Assim, não só possuem
significativa importância política e econômica nacional como
também global, pois garantem boa parte das relações
internacionais e alianças de cooperação.
Problemas urbano-ambientais
A indústria e os avanços tecnológicos representaram não
apenas mudanças na produção de mercadorias, mas
influenciaram o modo como a sociedade brasileira passou a
organizar sua vida. A modernização do campo brasileiro
resultou em um rápido movimento populacional das áreas
rurais para as cidades, onde as indústrias se instalavam. Os
trabalhadores dessas indústrias tinham a possibilidade de
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 49
receber salários e garantir um nível de consumo necessário
para sua sobrevivência.
No entanto, o avanço do sistema capitalista não se deu
apenas com a contratação de mão de obra, mas também graças
ao consumo dessas pessoas. O acesso a produtos tornava-se
cada vez mais possível conforme a propaganda e marketing
das empresas estimulavam a compra, garantindo assim a
venda e o aumento do próprio lucro.
As novas tecnologias possibilitaram ao sistema capitalista
oferecer maior quantidade de mercadorias em circulação no
comércio. Com isso, a concorrência entre produtos aumentou,
o que obrigou as empresas a regular seus preços para não
perderem espaço no mercado. Assim, os produtos passaram a
ser mais acessíveis aos indivíduos que atingiram altíssimos
níveis de consumo que até hoje estão presentes em nosso
cotidiano.
Você já parou para pensar sobre a quantidade de matériaprima
necessária para a produção daquilo que compramos? O
meio ambiente possui um ritmo próprio de renovação daquilo
que lhe é extraído, o que significa que a retirada de matériaprima
deve ser cautelosa. Caso contrário, rapidamente ela
estará em falta. Essa reflexão serve para nosso consumo de
água, de produtos derivados do petróleo, da madeira, etc.
No entanto, não devemos preocupar-nos apenas com o que
retiramos do meio ambiente, mas também com o que
devolvemos a ele. Será que todo o lixo que criamos retorna
para a natureza sem trazer danos a ela? Esse questionamento
é válido para pensarmos em tudo o que consumimos e na
quantidade de lixo que produzimos.
Os lixões e os aterros sanitários têm sido tema de
importantes discussões sobre o descarte dos resíduos sólidos
no meio ambiente. Os lixões a céu aberto que recebem a maior
parte do lixo no país não possuem estrutura adequada, pois
não protegem ou tratam os resíduos, deixando-os expostos ao
calor e à chuva. O líquido produzido pela decomposição do lixo,
o chorume, infiltra-se no solo e muitas vezes atinge os lençóis
freáticos.
A intoxicação de lençóis freáticos é muitas vezes
desencadeada pela instalação de tais lixões. O aterro sanitário,
por sua vez, também traz esse tipo de problema, porém segue
uma regulamentação específica criada pelo governo, que tenta
minimizar os efeitos do acúmulo de lixo no meio ambiente.
Em áreas pobres das cidades, onde o governo não oferece
a coleta de lixo regular, as populações lidam como podem com
os resíduos. Com isso, muitas vezes jogam o lixo nos rios e na
beira de rodovias. Porém, a poluição das águas também é
ocasionada pelo descarte de esgoto e de líquidos tóxicos por
parte de grandes empresas, como costumava ocorrer
antigamente com muita frequência no Rio Tietê, em São Paulo.
Logo, a poluição das águas e a do próprio solo oferecem
risco de enchentes quando os bueiros entopem ou quando os
rios não conseguem escoar a quantidade de água necessária,
transbordando.
Sustentabilidade urbana
Os problemas urbano-ambientais não tem origem apenas
na emissão de gases poluentes ou no0 descarte de resíduos
líquidos poluentes nos rios. A causa também está em nossa
relação com o espaço que nos rodeia. Ou seja, como nos
relacionamos, por exemplo, com o lixo que produzimos, com
aquilo que comemos, com os produtos que consumimos, com
o meio ambiente e com o mundo em que vivemos. Em suma, a
origem desses problemas também está na organização de
nosso cotidiano na cidade.
A sustentabilidade não tem a ver apenas com questões
ambientais, mas culturais, econômicas, políticas e sociais em
equilíbrio. Repensar a organização do cotidiano é importante
para que o estilo de vida das pessoas seja reestruturado,
tornando-se sustentável. As condições de moradia, transporte
público, saneamento básico, saúde, educação e meio ambiente
revelam se há sustentabilidade urbana ou não.
A própria população evidencia isso quando a comunidade
luta por mais áreas verdes, parques públicos e hortas
comunitárias. A organização independente é uma ação
importantíssima para que o governo perceba as necessidades
do povo.
O movimento organizado por ciclistas de cidades grandes
do Brasil demonstra uma iniciativa que se preocupa com o
meio ambiente, evitando a emissão de gases poluentes.
Está relacionada à saúde e ao bem-estar, e também se trata
de uma luta em prol de outra relação com a cidade que não seja
apenas a do estresse e trabalho.
As feiras de troca caracterizam uma prática que demonstra
a tentativa de tornar a vida mais sustentável e solidária as
cidades, sem a necessidade de maior produção de
mercadorias, reduzindo assim o consumo e o lixo.
O debate urgente acerca da sustentabilidade urbana vem à
tona quando a população, mesmo inserida em um cenário
desigual da sociedade, percebe que, em pouco tempo, se
nenhuma atitude for tomada, o espaço que ocupamos logo irá
se tornar inviável para viver.
Referências Bibliográficas:
FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora
AJS, 2015. (Coleção geografia cidadã).
Questões
01. (SEDF – Estudantes Universitários – CESPE) Com
relação à geografia urbana no Brasil, julgue o item que se
seguem.
Os fatores que propiciam o crescimento populacional no
interior do Brasil incluem a atração de indústrias para as
cidades de médio porte.
(....) Certo (....) Errado
02. (SEDF – Estudantes Universitários – CESPE) Com
relação à geografia urbana no Brasil, julgue o item que se
seguem.
O processo de industrialização foi o fator responsável pelo
desenvolvimento das cidades brasileiras, cujos territórios se
transformaram devido ao aumento da atividade produtiva no
campo.
(....) Certo (....) Errado
03. (IBGE – Tecnologista/Geografia – FGV/2016) Na
organização do espaço urbano brasileiro na
contemporaneidade, observa-se uma expansão impulsionada
por duas lógicas, a da localização dos empregos nos núcleos
das aglomerações e a da localização das moradias nas áreas
periféricas. A incorporação de novas áreas residenciais, o
aumento da mobilidade e a oferta de transporte eficiente
favorecem a formação de arranjos populacionais de diferentes
magnitudes que aglutinam diferentes unidades espaciais.
Adaptado de: IBGE. Arranjos populacionais e concentrações
urbanas no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2015. O Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou 294
arranjos populacionais no País, formados por 938 municípios
e que representam 55,9% da população residente no Brasil em
2010.
Os critérios utilizados na identificação dos arranjos
populacionais empregam a noção de integração, medida:
(A) pelos movimentos pendulares para trabalho e estudo
e/ou pela contiguidade urbana;
(B) pelas funções urbanas e/ou pelo rendimento dos
responsáveis por domicílio;
(C) pelos fluxos telefônicos e/ou pelas unidades locais das
empresas de serviços à produção;
(D) pela densidade demográfica e/ou pela estrutura da
População Economicamente Ativa;
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 50
(E) pelo tamanho populacional e/ou pelo fluxo de bens,
mercadorias, informações e capitais.
Respostas
01. Certo/02. Errado/03. A
Recursos Minerais e Fonte de Energia
A Natureza como Fonte de Recursos: As sociedades e
suas técnicas
Ainda que o desenvolvimento das técnicas, acompanhado
do expressivo avanço do conhecimento científico dos últimos
dois séculos tenha se tornado uma característica marcante dos
mais diversos setores da nossa sociedade, não podemos
esquecer que nem todas as sociedades evoluíram
tecnicamente da mesma forma. Ainda hoje, existem diversas
delas que garantem sua subsistência por meio de técnicas
rudimentares e pouco elaboradas. Como exemplo, temos as
agrícolas tradicionais, que vivem da caça, da pesca e da coleta,
e se dedicam quase que exclusivamente ao cultivo de
subsistência, e as sociedades que sobrevivem do pastoreio
nômade.
Ao longo de sua história na Terra, o ser humano vem
acumulando e adquirindo novos conhecimentos e habilidades,
assim como, aprimorando e desenvolvendo instrumentos e
técnicas de trabalho para extrair da natureza os recursos
necessários à sua sobrevivência. Além disso, necessita garantir
sua existência por meio da produção de alimentos, construção
de moradias, fabricação de roupas, utensílios, ferramentas de
trabalho, etc.
Nos últimos dois séculos, porém, com os constantes
avanços científicos e tecnológicos da sociedade capitalista
industrial, as condições técnicas foram aprimoradas a um
ritmo jamais alcançado antes. Ao serem aplicadas no processo
produtivo, essas técnicas ampliaram de forma extraordinária
a capacidade humana de intervir e, consequentemente, de
explorar com maior intensidade os recursos naturais, a
exemplo dos solos, crescentemente aproveitados para a
formação de lavouras e pastagens e das fontes hídricas, cada
vez mais exploradas para pesca, navegação, irrigação de
cultivos, abastecimento de cidades ou, ainda, para a geração de
energia elétrica.
Tudo o que a sociedade humana utiliza para produzir os
bens de que precisa ou de que faz uso são obtidos de elementos
existentes na natureza, também chamados recursos naturais.
“Falar de recursos naturais é falar de recurso que, por sua
própria natureza, existem independentemente da ação humana
e, assim, não estão disponíveis de acordo com o livre-arbítrio de
quem quer que seja”. (PORTO GONÇALVES, Carlos Walter. O
desafio ambiental. Rio de Janeiro: Record, 2004, p.66).
A exploração dos recursos naturais promovida pelas
atividades humanas começou a se tornar mais intensa nos
últimos 250 anos, a partir da Revolução Industrial. A expansão
da produção econômica, apoiada principalmente no
desenvolvimento das atividades industriais, promoveu o
aumento da produção em larga escala, exigindo, como
consequência, a utilização cada vez maior de matérias primas
e de fontes energéticas cuja exploração alcançou níveis sem
precedentes em toda a história.
Com o advento da sociedade industrial e o
desenvolvimento científico e tecnológico voltado para o
aumento crescente da produção, arraigou-se na sociedade
capitalista a ideia da natureza como fornecedora de recursos
econômicos, vistos como bens que podem ser explorados a fim
de gerar riquezas e lucros. Com essa mentalidade estritamente
econômica, a natureza passou a ser tratada como um simples
estoque de matérias-primas, fonte inesgotável de recursos
necessários para sustentar e garantir a própria reprodução do
modo de produção.
Dessa forma, a lógica que sustenta o industrialismo
econômico em expansão ao longo dos últimos séculos está
centrada na concepção de natureza como recurso infinito e
inesgotável. Isso significa, portanto, que o sistema econômico
moderno está organizado e orientado para a utilização cada
vez mais eficaz da natureza e de seus recursos. Assim, pode-se
dizer que as raízes do intenso processo de degradação da
natureza e o agravamento dos problemas ambientais que
presenciamos em nossa época ligam-se diretamente a esse
modelo econômico predatório do ponto de vista ambiental.
De maneira geral, os recursos naturais podem ser
classificados ou agrupados e duas categorias:
Recursos Naturais Renováveis: aqueles que podem ser
repostos ou recriados (renovados) pela natureza em um
período de tempo relativamente curto, desde que utilizados de
maneira racional. Entre esses recursos estão florestas, solos e
fontes hídricas (rios, lagos, oceanos);
Recursos Naturais Não Renováveis: aqueles que não
podem ser repostos pela sociedade e que levam milhões de
anos para serem repostos pela natureza. Os minerais, como
bauxita, ferro, ouro, etc.; e os combustíveis fósseis, como o
petróleo, são exemplos de recursos que vão se esgotando à
medida que são extraídos da natureza.
De modo simples, podemos entender por indústria “o ato
de transformar, com ajuda de um certo trabalho, a matériaprima
em bens de produção e consumo”.
As indústrias podem ser divididas em:
a) Extrativas: Aquelas que extraem certos produtos da
natureza, sem, contudo, alterar suas características.
Compreendem dois tipos principais: a indústria extrativa
vegetal e a indústria extrativa mineral.
b) De Transformação: São aquelas que transformam as
matérias-primas em bens. Compreendem dois tipos: as
indústrias de bens de consumo e as indústrias de bens de
produção.
A importância da mineração no contexto da economia
nacional é reforçada quando se verifica o valor da produção da
indústria de transformação mineral (metalurgia, siderurgia,
fertilizantes, cimento, petroquímica, etc.).
Os recursos minerais, as fontes de energia e os impactos
ambientais
Sobre a superfície da Terra, vamos encontrar basicamente
dois tipos de minerais: os fósseis e os não-fósseis. Os minerais
fósseis são aqueles originários da decomposição de restos de
animais e vegetais que ficaram depositados em camadas de
rochas sedimentares como o carvão, o petróleo e o xisto. Já os
minerais não-fósseis são os compostos químicos metálicos e
não-metálicos que se consolidaram no interior das rochas,
geralmente cristalinas, como, por exemplo, o ouro, o
manganês, o ferro, o silício, o caulim.
Isso significa que os diversos elementos vão surgir em uma
determinada região, de acordo com o tipo de formação
geológica do local. É evidente que, quanto maior for a área de
um país, maior será a possibilidade desse país contar com
todos os tipos de rochas e assim possuir todos os tipos de
minerais.
Entretanto, mesmo para um país de enormes dimensões
como o Brasil, que contém todos os tipos de rochas, os
minerais não surgirão na quantidade que a nossa economia
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APOSTILAS OPÇÃO
Conhecimentos Gerais 51
exige. Assim, poderíamos classificar os minerais quanto à
disponibilidade em três tipos:
a) abundantes: aqueles que surgem em enormes
quantidades, sendo usados tanto internamente quanto
exportados, como por exemplo, o ferro, o manganês, o
alumínio, o nióbio.
b) suficientes: os que existem em quantidade suficiente
apenas para o abastecimento interno, não podendo ser
exportados.
c) carentes: aqueles cuja quantidade seja insuficiente para
atender às necessidades internas como, por exemplo, o carvão
mineral.
Tipos de recursos minerais
Recursos minerais
metálicos
Recursos minerais nãometálicos
Ferro, alumínio, cromo,
manganês, titânio e
magnésio.
Minerais para uso
químico, fertilizantes e
usos especiais
Cloreto de sódio, fosfatos,
nitratos, enxofre, etc.
Cobre, chumbo, zinco,
tungstênio, ouro, estanho,
prata, platina, urânio,
mercúrio, molibdênio, etc.
Materiais de construção
Cimento, areia, cascalho,
gipso, amianto, etc.
Combustíveis fósseis
Carvão, petróleo, gás natural
e folhelho (xisto)
betuminoso.
Água
Lagos, rios e água
subterrânea.
A importância dos Recursos Minerais
Os recursos minerais são vitais para o desenvolvimento de
um país, por sua importância como matéria-prima para a
indústria – em particular para os setores industriais de base,
como a metalurgia e a química pesadas (assim qualificadas por
utilizarem muita matéria-prima. Na primeira, destacam-se as
unidades produtivas voltadas para a fabricação de metais
como aço, alumínio, cobre, chumbo e estanho. Na segunda,
aquelas voltadas para a fabricação de ácidos como o sulfúrico,
o nítrico e o clorídrico.
Minerais metálicos e não-metálicos
Como observamos, segundo a sua composição, os
recursos minerais classificam-se como metálicos – como
ferro, manganês, cobre e estanho. E não-metálicos – como
enxofre, calcário e cloreto de sódio.
As rochas em cuja composição a incidência de minerais
metálicos é suficiente para viabilizar sua exploração
econômica denominam-se minérios metálicos. São
exemplos a hematita (minério de ferro), a bauxita (minério
de alumínio) e a cassiterita (minério de estanho).
A produção siderúrgica é uma das mais importantes no
processo industrial brasileiro. Sua implantação, porém, é de
custo muito elevado, o que fez com que o Estado assumisse
essa incumbência nas décadas de 1940 a 1970.
O minério de ferro é a base da produção do aço, o que
explica a implantação das siderúrgicas bastante próximas das
grandes jazidas desse minério.
Como as produções minerais têm caráter estratégico no
processo industrial, historicamente os países desenvolvidos
buscaram controlar reservas minerais dentro e também fora
dos seus limites territoriais. A ação das suas empresas
mineradoras é bastante sensível nos países subdesenvolvidos,
que dispõem de grandes reservas minerais mas de recursos
escassos para explorá-las.
O Brasil, enquadrado nessa descrição, teve de acolher
muitas empresas estrangeiras do setor mineral.
A produção mineral brasileira
O Brasil é um dos países mais ricos do mundo em
quantidade e diversidade de recursos minerais, dentre os
quais se destacam os minérios de ferro, de estanho, de
manganês e de alumínio.
Um aspecto revelador da importância dessa atividade na
economia brasileira é a participação relativa da sua produção
e da produção dos metais no total exportado pelo país,
destacando-se dentre as exportações os minérios de ferro, de
alumínio e de manganês e, entre os metais, o aço e o alumínio.
A dependência externa do setor mineral é relativamente
pequena (ao contrário do que ocorre com os recursos
energéticos, como o petróleo e o carvão), porque o Brasil
importa apenas alguns produtos cuja produção nacional ainda
não basta para atender as exigências do mercado interno,
como cobre, enxofre e mercúrio.
Os principais minérios do Brasil
Ferro:
O ferro é obtido pela redução dos seus óxidos. Seus
principais minérios são:
Magnetita, com 72,4% de teor de ferro;
Hematita, com 70,0% de teor de ferro;
Limonita, com 59,9% de teor de ferro;
Siderita, com 48,0% de teor de ferro.
A ocorrência de minério de ferro no Brasil foi revelada no
final do século XVIII e o seu aproveitamento teve início na
segunda década do século XIX, em Minas Gerais.
Em 1996, o Brasil possuía 8,6% das reservas mundiais,
classificando-se em 5º lugar entre os países detentores do
maior volume de minério. Porém, devido ao alto teor de ferro
contido em seus minérios, do tipo hematita e itabirito (60%),
o Brasil ocupa posição privilegiada em relação ao ferro
produzido mundialmente. Entre os produtores e
exportadores, o Brasil coloca-se entre os maiores.
As grandes jazidas do Brasil encontram-se em Minas
Gerais (Quadrilátero do ferro), Pará (Serra dos Carajás) e Mato
Grosso do Sul (Morro do Urucum).
Manganês:
O manganês é um metal encontrado na crosta terrestre em
formas combinadas (óxidos, silicatos, carbonatos, etc.). A
quantidade de minerais de manganês é muito grande (mais de
100), sendo o principal a pirolusita.
A principal utilidade do manganês (95%) é na indústria
siderúrgica, na qual se utilizam 30 Kg de minério de manganês
para cada 1 tonelada de aço. Devido ao seu grande emprego, é
um minério considerado estratégico, sendo que os maiores
consumidores (EUA, França, Alemanha, Inglaterra e Japão) não
possuem grandes reservas, exceto a Rússia.
As reservas brasileiras são cerca de 53.790 mil toneladas
(cerca de 1,07% das reservas mundiais). As principais jazidas
estão: na Serra dos Carajás (PA), e no Quadrilátero do Ferro
(MG).
O Brasil possui a 6ª reserva do mundo, atrás da África do
Sul (a maior do mundo), Ucrânia, Gabão, China e Austrália.
Outros Minérios
Alumínio
O alumínio é um metal branco, leve e que não se deixa tocar
pela corrosão. É utilizado pela indústria elétrica, material de
transporte, construção civil, utensílios domésticos, etc.
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Conhecimentos Gerais 52
O principal minério é a bauxita. De um total de reservas
mundiais de 28,8 bilhões de toneladas, o Brasil possui
depósitos de bauxita de boa qualidade avaliados em 3,8
bilhões de toneladas, ou seja, 13,5% do total, sendo o terceiro
país em reservas de alumínio. Os depósitos encontram-se
principalmente nas áreas do rio Trombetas, de Paragominas,
Juriti e Almerim, todas na região Amazônica, e em Poços de
Caldas e Muriaé (MG), Amapá, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa
Catarina. Em 1996 houve um acréscimo de 20,5% na produção
brasileira (aproximadamente 2 milhões de toneladas),
principalmente em razão do incremento na produção da
Mineração do Rio do Norte S.A. (MRN), uma das mais
importantes empresas produtoras, respondendo por 78,6%
do total produzido pelo país naquele ano. Outra grande
empresa é a Companhia Brasileira de Alumínio S.A. (CBA), com
10,1% do total de 1996.
No que se refere ao metal propriamente dito, o alumínio
(metal primário), a produção brasileira apresentou uma
variação não muito significativa, passando de 1,18 pra 1,19
milhão de toneladas, mas que nos situou em quinto lugar
(5,8%) na produção mundial.
Cobre
É um metal conhecido desde os primórdios dos tempos da
metalurgia, em razão da facilidade de sua obtenção e pelo seu
poder de combinação com outros metais, resultando em
famílias de bronzes, latões e alpacas.
Tem por características principais a dificuldade de
corrosão, alto grau de condutibilidade térmica e elétrica,
maleabilidade tanto a quente quanto a frio e é facilmente
soldável. Tornou-se o terceiro metal de maior consumo, sendo
superado apenas pelo ferro e pelo alumínio.
Os principais minerais do cobre são sulfetos contendo de
0,5% a 2,0% de cobre (a calcopirita ou cuprita é um dos mais
importantes).
As principais reservas de cobre do mundo estão situadas
no Chile, com 27,3%, e Estados Unidos, com 15,1%, perfazendo
quase metade das reservas mundiais (42,4%). Entretanto,
uma razoável quantidade desses minérios encontra-se nos
países do terceiro mundo, fazendo destes os maiores
fornecedores para os países do primeiro mundo (maiores
consumidores).
O Brasil, com 1,9% dessas reservas e uma produção de
46.000 t, que representa, aproximadamente, 0,4% da
produção mundial, tem nesse metal uma de suas principais
carências, sendo um importante comprador no mercado
mundial.
As maiores jazidas de minério de cobre no Brasil são a de
Camaquã (RS), a de Caraíba (BA) e a de Carajás (Pará).
Os maiores fornecedores de cobre ao Brasil são: o Chile, o
Canadá, o Peru e o México.
Estanho
Metal brilhante de aparência semelhante à prata.
Extremamente maleável, facilmente amoldável e fusível (dos
metais é o que tem um dos mais baixos pontos de fusão). O
estanho é conhecido desde a Grécia Antiga e era ali
considerado precioso juntamente com o ouro e a prata.
Geralmente é utilizado na indústria elétrica, na fabricação de
ligas metálicas, empregado com o revestimento em outros
metais a fim de evitar a corrosão (principalmente nas folhasde-
flandres). Até meados dos anos 60, o Sudeste Asiático
reunia os maiores produtores do metal, com Malásia,
Indonésia, Tailândia e China entre os mais importantes. Nessa
época, a maior exploração brasileira era realizada por
garimpagem no Estado de Rondônia. Em 1971, a garimpagem
foi proibida e uma modificação na estrutura produtiva
resultou num aumento significativo da produção brasileira,
tendo-se o estanho tornado o principal metal não-ferroso a
suprir a demanda interna (consumo local), passando a ser
exportável.
Os maiores produtores do minério de estanho no Brasil, a
cassiterita, são os Estados do Amazonas, responsável por 60%,
e Rondônia, com 40% (estanho contido). Em relação à
produção do estanho metálico, São Paulo é o principal
responsável, com a empresa Mamoré e Metalurgia S.A.
respondendo por 83% dessa produção e a ERSA de Ariquemes
– RO com 14%.
Chumbo
O chumbo é um metal conhecido desde a Roma Antiga e
possui certos caracteres marcantes que o diferencia de outros
metais: baixo ponto de fusão, muito pouco duro (chega a ser
facilmente riscado pela unha) e possui uma alta capacidade de
combinação com outros metais, originado ligas com as mais
diversas aplicações. É utilizado na indústria de baterias, cabos
e isolantes para instalações nucleares. Ao contrário de outros
metais, tem tido o seu uso reduzido (como aditivo na gasolina).
O minério de onde mais se extrai o chumbo é a galena
(sulfeto de chumbo – PbS).
As reservas brasileiras desse metal são pouquíssimas e
pouco significativas, somando, em metal contido, algo em
torno de 350 mil toneladas.
Ouro:
Foi um dos primeiros metais a ser conhecido e trabalhado
pelo homem em razão de suas propriedades como dureza,
maleabilidade, ductilidade e um dos metais de mais antiga
exploração na América e também no Brasil. Utilizado na
indústria de ferramentas médicas, ourivesaria e na indústria
eletrônica de precisão.
A exploração de ouro no País de faz principalmente por
garimpagem (ouro de aluvião, o mais frequente)
principalmente nos rios da Amazônia, o que tem trazido sérios
problemas de destruição ambiental em função do excesso de
mercúrio lançado aos rios.
Os maiores produtores mundiais de ouro são: África do Sul,
Estados Unidos, Austrália e Rússia. O Brasil, no ano de 1996,
apresentou uma redução de 6% em relação ao ano anterior,
tendo produzido 60 toneladas, com 41 toneladas de
participação de empresas de mineração (41 no total, entre elas
a CVRD, Grupo Morro Velho, Rio Paracatu Mineração,
Mineração Serra Grande) e 19 toneladas dos garimpos.
Nossas principais áreas produtoras estão em Minas Gerais,
na Serra de Paracatu e Quadrilátero Ferrífero, Goiás e no
Estado da Bahia. O Pará, após a grande produção na mina a céu
aberto de Serra Pelada, viu suas reservas acabar rapidamente.
Sal Marinho
Ocupa uma posição de destaque no setor da indústria
extrativa mineral; é utilizado na pecuária, na alimentação
humana e na indústria química.
As principais áreas produtoras são Rio Grande do Norte e
Rio de Janeiro.
Fontes de Energia
Energia Renovável e Não-Renovável
A maior parte da energia produzida no mundo (mais de
80%) é obtida de fontes não-renováveis, isto é, que não podem
ser repostas –como os combustíveis fósseis (petróleo, carvão
mineral, gás natural) e os minérios radioativos (urânio, tório).
Dentre as fontes renováveis, ainda pouco aproveitadas,
destacam-se a energia elétrica de origem hidráulica e a
biomassa (que abrange, entre outras matérias orgânicas, a
lenha, o carvão vegetal, o álcool e o bagaço de cana).
O Brasil é relativamente pobre em recursos energéticos
não-renováveis: as suas reservas de minerais radioativos são
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